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Martinho da Vila é o poeta da 'vida tão real da quarta-feira' em antológico samba-enredo feito há 40 Carnavais

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Por G1 em 14/02/2024 às 15:55:31
? MEMÓRIA – Compositor que modernizou o samba-enredo a partir da segunda metade dos anos 1960, com melodias e letras menos caudalosas, Martinho da Vila coleciona obras-primas do gênero em 86 anos de vida, festejados na segunda-feira, 12 de fevereiro.

Há 40 Carnavais, a escola de samba Unidos de Vila Isabel desfilou com um dos maiores sambas-enredos da obra do compositor fluminense e de toda a história do gênero, Pra tudo se acabar na quarta-feira, samba engenhoso, criado com melodia tão envolvente que Martinho abriu mão do refrão.

Joia da safra do Carnaval de 1984, Pra tudo se acabar na quarta-feira é samba apresentado em 1983 – nas vozes de Gera, Marcos Moran e Valcy, então intérpretes da Vila Isabel – no disco dos sambas-enredos do desfile do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro em 1984.

Nessa pérola, Martinho fala poeticamente da paixão com que os foliões constroem ao longo do ano, em mutirão, a ilusão do Carnaval. A mesma ilusão que alimenta a "quaresma colorida lá do morro" quando, finda a folia, se impõe a razão da "vida tão real da quarta-feira".

Gravado pelo autor no álbum Martinho da Vila Isabel (1984), lançado há 40 anos, Pra tudo se acabar na quarta-feira foi regravado por Martinho da Vila na antologia Escolas de samba – Enredos – Vila Isabel (1993), com a participação de Gera, e nos álbuns Conexões (2003) – em dueto com a atriz Denise Fraga – e Enredo (2014).

? Eis nesta Quarta-Feira de Cinzas, 14 de fevereiro, a letra do samba-enredo Pra tudo se acabar na quarta-feira (1984), atestado da grandiosidade da obra de Martinho da Vila Isabel:

"A grande paixão

Que foi inspiração

Do poeta é o enredo

Que emociona a velha-guarda

Lá na comissão de frente

Como a diretoria

Glória a quem trabalha o ano inteiro

Em mutirão

São escultores, são pintores, bordadeiras

São carpinteiros, vidraceiros, costureiras

Figurinista, desenhista e artesão

Gente empenhada em construir a ilusão

E que tem sonhos

Como a velha baiana

Que foi passista

Brincou em ala

Dizem que foi o grande amor de um mestre-sala

O sambista é um artista

E o nosso Tom é o diretor de harmonia

Os foliões são embalados

Pelo pessoal da bateria

Sonho de rei, de pirata e jardineira

Pra tudo se acabar na quarta-feira

Mas a quaresma lá no morro é colorida

Com fantasias já usadas na avenida

Que são cortinas, que são bandeiras

Razão pra vida tão real da quarta-feira

É por isso que eu canto..."

Fonte: G1

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