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Antes de ato na Paulista, Temer foi ao STF levar promessa de Bolsonaro de não atacar ministros

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Por G1 em 26/02/2024 às 12:43:21
Ex-presidentes tiveram reunião prévia para alinhar discurso que Temer levaria a integrantes da corte; ele antecipou tom muito abaixo do habitual de Bolsonaro. Bolsonaro durante ato na Avenida Paulista, no domingo, 25 de fevereiro.

Reprodução

O ex-presidente Michel Temer foi escalado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para antecipar ao Supremo Tribunal Federal que ele se comprometia a não fazer ataques à corte ou a seus ministros durante o discurso que faria -- e fez-- na avenida Paulista neste domingo (25).

Segundo relatos de integrantes do Supremo, Temer os procurou pessoalmente dizendo que Bolsonaro estaria ciente dos riscos de resvalar para uma fala anti-institucional e que podia garantir que o quadro do PL baixaria no tom e falaria, inclusive, em "pacificação".

Temer foi chamado e pegou um avião exclusivamente para falar com o ex-presidente. É a segunda vez que o emedebista é acionado por Bolsonaro em momento de crise.

Em 2021, depois do ato do 7 de setembro em que Bolsonaro bradou que não mais cumpriria ordem judicial -- o que é crime --, Temer foi chamado pelo então presidente ao Planalto e redigiu uma carta na qual Bolsonaro se reparava pela fala e, inclusive, fazia elogios ao ministro Alexandre de Moraes.

Como se sabe, a trégua retórica do ex-presidente, na ocasião, não durou muito.

Michel Temer passou a faixa da Presidência da República para Jair Bolsonaro

Marcos Corrêa/PR

Na Paulista neste domingo, Bolsonaro manteve o que havia sido sinalizado por Temer ao Supremo. Mas qual o resultado prático disso? Nenhum. As provas, informam integrantes da corte, os vídeos de reunião de cunho golpista, os áudios, as mensagens e as minutas que precedem o 8 de janeiro de 2022 não desaparecem nem pelo tom mais moderado do ex-presidente nem pelo fato de ele ter juntado milhares de pessoas na Paulista.

Para especialistas em marketing político ouvidos pelo blog, Bolsonaro se reafirmou como um cabo eleitoral importante, o que não é novidade para os que o acompanham e, principalmente almejam seu apoio, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.

Ao mesmo tempo, a foto do palanque vip do evento também evidencia que está aberta a temporada de caça ao espólio eleitoral do ex-presidente. Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO) são os governadores cotados para correr pela direita em substituição ao ex-presidente inelegível em 2026.

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Miguel Schincariol/AFP
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