Âmbar Energia, do grupo J&F, formalizou plano de compra da distribuidora Amazonas Energia. Documento foi enviado à Aneel. A Âmbar Energia, empresa do Grupo J&F, formalizou no último dia 28 de junho o plano de transferência de controle da distribuidora Amazonas Energia, recentemente beneficiada por uma medida provisória do governo Lula. O documento foi enviado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e prevê a compra da distribuidora pelos fundos Futura Venture e Fundo Milão, da J&F. Reunião de diretores da Aneel em 26 de março de 2024Aneel/Youtube/ReproduçãoEm nota, a Âmbar disse que o plano "é condição regulatória para qualquer interessado, porém não obriga o interessado a efetivar o negócio". A empresa disse ainda que está analisando "em maior profundidade a complexa situação da Amazonas Energia" (relembre mais abaixo).Oposição quer explicações sobre reuniões de Alexandre Silveira com executivos de empresa beneficiada por MP do setor elétricoA distribuidora do Amazonas enfrenta uma crise financeira que levou à recomendação, pela Aneel, de cassação do contrato junto ao Ministério de Minas e Energia.Em junho, o governo publicou uma medida provisória que muda as regras para distribuidoras de energia com problemas financeiros, beneficiando diretamente a Amazonas Energia.A medida também beneficiou termelétricas da Eletrobras recém-adquiridas pela Âmbar Energia — do grupo J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista.Sobre a MP, a Âmbar afirmou em nota que "são descabidas especulações a respeito da Medida Provisória 1.232 e o negócio realizado pela Âmbar" (leia mais abaixo).A empresa afirmou que nunca tratou do tema com o Ministério de Minas e Energia. Na terça, reportagem do "Estadão" revelou encontros entres executivos da companhia na pasta antes da edição da MP que beneficiou a Âmbar.A GloboNews confirmou as reuniões citadas pela reportagem – incluindo uma entre Alexandre Silveira e o presidente da Âmbar Energia, Marcelo Zanatta, no dia 29 de maio.Na ocasião da publicação da MP, nos bastidores, a empresa já havia manifestado interesse em adquirir a Amazonas. Agora, depois da publicação da medida provisória, a intenção foi formalizada junto à Aneel.Ao g1, interlocutores do governo afirmaram que a medida provisória deve gerar um custo de R$ 500 milhões por ano, pago pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) –que, por sua vez, é arcada por todos os consumidores na conta de luz.O que diz a Âmbar?Procurada, a Âmbar afirmou que está analisando a situação da distribuidora, e que aguarda a análise da Aneel. Leia a íntegra:"A submissão do plano de transferência de controle é condição regulatória para qualquer interessado, porém não obriga o interessado a efetivar o negócio.Depois de concluir a assinatura da aquisição das usinas com a Eletrobras, em um negócio independente e sem participação estatal, a Âmbar agora analisa em maior profundidade a complexa situação da Amazonas Energia e aguarda a análise do plano pela Aneel para avaliar se as condições finais da transferência de controle garantirão ou não a viabilidade econômica da distribuidora."Sobre a edição da MP, a Âmbar afirma que nunca tratou do tema com o Ministério de Minas e Energia. Leia:"A Âmbar realizou um negócio privado, com uma empresa privada, após um acirrado processo competitivo que envolveu propostas vinculantes de diversos grupos econômicos, dada a atratividade dos ativos ofertados.São descabidas especulações a respeito da Medida Provisória 1.232 e o negócio realizado pela Âmbar. Não fazem sentido técnico e econômico, por diversos fatores. A Âmbar nunca tratou do tema com o Ministério de Minas e Energia. A MP visa o reequilíbrio econômico e financeiro da distribuidora de energia do estado do Amazonas. Cerca de 30% da energia gerada pelas usinas incluídas na transação é contratada pela Amazonas Energia.Todos os agentes do mercado elétrico tinham conhecimento, inclusive pela imprensa, de que uma solução para a sustentabilidade econômica da Amazonas Energia era urgente e iminente. O risco de crédito da distribuidora perante as usinas geradoras, portanto, era temporário.Um grupo de trabalho formado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) concluiu, em relatório publicado em fevereiro de 2024, que havia três alternativas para solucionar a situação da Amazonas Energia: caducidade do contrato de concessão e re-licitação; intervenção na concessionária e re-licitação; flexibilização dos parâmetros regulatórios, para atrair potenciais novos interessados em assumir a concessão sem que a União tenha que arcar com seus passivos. Qualquer dessas soluções resolveria os riscos de crédito perante as usinas envolvidas na aquisição pela Âmbar.O relatório também apontava para o agravamento da situação da Amazonas Energia justamente a partir de junho, já que as flexibilizações regulatórias oferecidas na concessão da empresa venciam em maio de 2024, piorando ainda mais a saúde financeira da empresa.Todos esses fatos eram públicos quando a Âmbar apresentou sua oferta final pelos ativos."