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Governo vai cobrar explicações da Meta sobre mudanças na política de moderação em plataformas no Brasil, diz ministro

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Por G1 em 10/01/2025 às 12:54:40
AGU fará notificação extrajudicial à gigante da tecnologia, que terá 72 horas para informar quais mudanças promoverá no Brasil. Lula reuniu ministros para tratar do tema. Os ministros Jorge Messias (AGU), Rui Costa (Casa Civil) e Juscelino Filho (Comunicações) após reunião com Lula sobre Meta

Guilherme Mazui/g1

O ministro Rui Costa, da Casa Civil, afirmou nesta sexta-feira (10) que o governo brasileiro vai cobrar explicações da Meta sobre mudanças, no Brasil, na política de moderação nas plataformas da empresa, como o Instagram e o Facebook.

Segundo Rui Costa, a Advocacia-Geral da União (AGU) fará uma "interpelação" extrajudicial à gigante da tecnologia.

Jorge Messias, ministro da AGU, disse que, nessa solicitação, o governo brasileiro vai perguntar como a empresa vai proteger crianças, adolescentes, mulheres e comerciantes depois das mudanças que anunciou.

Meta elimina checagem de fatos

De acordo com Messias, em razão da falta de "transparência", a empresa terá 72 horas para informar o Brasil sobre qual política de tratamento de conteúdos postados nas plataformas será adotada para o país.

"A nossa preocupação neste momento é que a empresa venha a público – já que ela não foi transparente em momento algum – [para explicar] qual a política que ela vai adotar a partir de uma notificação extrajudicial que a AGU protocolará nesta sexta. Para que a empresa explique categoricamente às autoridades brasileiras como é que ela vai proteger as crianças e adolescentes, mulheres e pequenos comerciantes que usam a plataforma como meio de negócio", disse Messias.

"Em razão da ausência de transparência dessa empresa, nós apresentaremos uma notificação extrajudicial, e a empresa terá 72 horas para informar o governo brasileiro qual é, de fato, a sua política para o Brasil, completou o ministro.

Jorge Messias afirmou que, se a Meta não responder à interpelação no prazo de 72 horas, o governo poderá tomar medidas judiciais, mas não detalhou quais.

Questionado se uma alternativa seria suspender as redes da empresa, o ministro disse que "isso não está em discussão neste momento".

Os ministros Rui Costa, Jorge Messias e Juscelino Filho (Comunicações) participaram nesta sexta de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a Meta. Nesta quinta, Lula classificou como "grave" o anúncio feito pela Meta.

A Meta, dona do Instagram e do Facebook, anunciou na terça-feira (7) que está encerrando o seu programa de verificação de fatos, começando pelos Estados Unidos.

A empresa vai adotar as "notas de comunidade", em que os próprios usuários fazem correções — um recurso similar ao implementado pelo X, de Elon Musk (entenda mais no vídeo acima).

Projeto de regulação das redes sociais

Na entrevista desta sexta, Rui Costa disse que a regulamentação das redes sociais estará na agenda do governo neste ano de 2025.

Ele lembrou que há uma proposta nesse sentido em tramitação na Câmara dos Deputados. O projeto, no entanto, está parado por falta de consenso entre os parlamentares.

"Passará por discutirmos um aperfeiçoamento da legislação. Haveremos de discutir com o Congresso", disse Costa.

Mudanças no Instagram e Facebook

O anúncio foi feito pelo próprio presidente-executivo da empresa, Mark Zuckerberg, que afirmou que os verificadores "tem sido muito tendenciosos politicamente e destruíram mais confiança do que criaram".

E assumiu que, com o fim da verificação por terceiros, "menos coisas ruins serão percebidas" pela plataforma. "Mas também vai cair a quantidade de posts e contas de pessoas inocentes que, acidentalmente, derrubamos."

Em vídeo no Instagram, Zuckerberg também disse que a empresa vai trabalhar com Donald Trump, que assume a presidência dos Estados Unidos no próximo dia 20.

As principais mudanças anunciadas pela Meta são:

a Meta deixa de ter os parceiros de verificação de fatos ("fact checking", em inglês) que auxiliam na moderação de postagens, além da equipe interna dedicada a essa função;

em vez de pegar qualquer violação à política do Instagram e do Facebook, os filtros de verificação passarão a focar em combater violações legais e de alta gravidade.

para casos de menor gravidade, as plataformas dependerão de denúncias feitas por usuários, antes de qualquer ação ser tomada pela empresa;

em casos de conteúdos considerados como de "menor gravidade", os próprios usuários poderão adicionar correções aos posts, como complemento ao conteúdo, de forma semelhante às "notas da comunidade" do X;

Instagram e Facebook voltarão a recomendar mais conteúdo de política;

a equipe de "confiança, segurança e moderação de conteúdo" deixará a Califórnia, e a de revisão dos conteúdos postados nos EUA será centralizada no Texas (EUA).

Fonte: G1

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