No dia anterior, a moeda americana caiu 0,41%, cotada a R$ 5,6887. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, fechou quase estável, aos 128 mil pontos. Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters
O dólar opera em alta nesta quarta-feira (19), mais um dia de agenda econômica com poucos indicadores, com investidores na expectativa pela divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) — que terminou com a manutenção dos juros no patamar entre 4,25% e 4,50% ao ano.
Os mercados monitoram de perto a trajetória dos juros americanos porque influenciam diretamente na rentabilidade dos títulos públicos dos EUA, considerados os mais seguros do mundo.
Taxas de juros maiores elevam a rentabilidade dos títulos, favorecendo o dólar em detrimento de outras moedas. Por outro lado, os juros baixos estimulam investimentos em outros ativos considerados menos seguros, mas com maior rentabilidade.
Por isso, a ata do Fed deve ser observado com atenção, para entender quais podem ser os próximos passos do BC americano na condução dos juros.
No Brasil, apesar da agenda econômica esvaziada, o cenário político fica no radar dos investidores após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Em meio a decretos de Trump elevando tarifas, veja principais itens do comércio entre Brasil e EUA e as tarifas cobradas
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
Às 10h, o dólar subia 0,55%, cotado a R$ 5,7201. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 0,41%, cotada a R$ 5,6887.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,12% na semana;
recuo de 2,54% no mês; e
perdas de 7,95% no ano.
a
Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice teve baixa de 0,02%, aos 128.532 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,26% na semana;
ganho de 1,91% no mês;
alta de 6,87% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O grande destaque da semana é a ata da reunião de janeiro do Fed, que será divulgada na tarde desta quarta-feira. Na ocasião, o comitê manteve inalterada a taxa básica de juros do país, na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano.
A expectativa é grande porque investidores buscam mais pistas sobre quais devem ser os próximos passos da instituição na condução da política monetária americana.
A inflação anual nos EUA atingiu 3,0% em janeiro, enquanto a meta do Fed é de 2,0%, Os preços continuam sendo pressionados por um mercado de trabalho resiliente, com baixa taxa de desemprego, e a economia aquecida — o que gera maior demanda por bens e serviços e gera inflação.
Além disso, o mercado está de olho em como as diversas tarifas de importação impostas pelo presidente Donald Trump, que começam a valer nos próximos meses, podem afetar os preços dos produtos e insumos que chegam ao país e se isso pode pressionar ainda mais a inflação.
Na noite desta terça-feira (18), por exemplo, Trump anunciou uma nova tarifa de 25% para os automóveis importados que chegarem aos EUA.
Na segunda, o diretor do Fed Christopher Waller disse que sua visão "base" é de que as novas restrições comerciais de Trump terão um impacto modesto sobre os preços, enquanto o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, apoiou uma postura estável da política monetária.
Nesta terça, a presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, disse que o BC dos EUA deve manter os custos dos empréstimos no nível em que estão até que o progresso da inflação seja mais visível.
"A política monetária precisa permanecer restritiva até... eu ver que estamos realmente continuando a progredir em relação à inflação", disse, em uma conferência de bancos comunitários organizada pela American Bankers Association.
No Brasil, o destaque do pregão fica com o cenário político, com a denúncia da PGR contra Bolsonaro e outras 33 pessoa por tentativa de golpe.
As denúncias contra o ex-presidente são pelos crimes de:
liderança de organização criminosa armada;
tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
golpe de Estado;
dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união;
deterioração de patrimônio tombado.
Além disso, a PGR afirmou que Bolsonaro foi o líder da organização que tentou derrubar a democracia no Brasil.
Caso a denúncia seja aceita pelo STF, o ex-presidente se tornará réu e responderá a um processo penal no Supremo. Segundo o blog da Andréia Sadi, ministros do STF pretendem julgar Bolsonaro ainda em 2025, na tentativa de evitar contaminar o processo eleitoral de 2026, quando haverá uma nova eleição para a Presidência da República.
O mercado reage às denúncias com incertezas sobre a possibilidade de Bolsonaro ser preso ou não e o que isso poderia significar para a política brasileira, explica o analista de investimentos Vitor Miziara.