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Unicamp: DIG investiga caso de pichação neonazista em prédio de instituto

Por G1 em 26/04/2022 às 18:25:17
Desenhos foram feitos em pilastra de prédio da graduação no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas na semana anterior. Delegado foi até o campus nesta terça e analisa imagens recebidas. Área da DIG, em Campinas

Giuliano Tamura/EPTV

A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) em Campinas (SP) confirmou na tarde desta terça-feira (26) que investiga o caso da pichação com referência neonazista no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, no campus em Barão Geraldo. O desenho foi encontrado semana passada em uma das pilastras do prédio da graduação e, além de gerar indignação, fez a instituição acionar a Diretoria Executiva de Direitos Humanos da universidade estadual.

O delegado à frente do caso, Fernando Sanches, afirmou que um inquérito será aberto ainda nesta data. Durante a tarde, ele foi até a universidade. "Estou angariando alguns detalhes e o inquérito será instaurado ainda hoje." Ele recebeu imagens do caso, explicou que uma equipe de perícia foi ao local, mas já não há resquícios da pichação - que teria sido feita a lápis, com dimensão próxima de 30 cm.

Na tarde de segunda, estudantes foram ao local para cobrir pichações com lambe-lambes de mensagens antifascismo e antirracismo, diz o Centro Acadêmico de Ciências Sociais e História.

Pichação neonazista no IFCH da Unicamp

Arquivo Pessoal

Antropóloga critica

O espisódio foi criticado pela antropóloga Adriana Dias, autora da tese de doutorado "Observando o ódio" pela Unicamp, em 2018. À época, o estudo marcou mais de 15 anos de pesquisas da autora junto a sites, fóruns e comunidades na web, além de documentos não digitais, sobre o que pensam os integrantes do grupo de extremistas, como cultivam o ódio e formas de ação.

"Eu pesquiso isso na Unicamp. Quando eu vejo pessoas neonazistas escreverem na Unicamp, em alemão, que o neonazismo é liberdade, colocarem 88, símbolo do Hitler, SS, símbolo da Gestapo, da SS Commander, eu só posso sentir muita perda, uma perda imensa. São anos da minha existência me dedicando ao combate desse objeto e aí no lugar aonde eu construí esse combate eles vão e invadem. É um sentimento de tragédia, que o país perdeu todas as capacidades civilizatórias", criticou.

Post de Centro Acadêmico mostra ato após pichação no IFCH

Reprodução/Instagram

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Apelo por denúncias

Em nota, o IFCH destacou que registrou um boletim de ocorrência na Delegacia da Diversidade Online. A unidade online é responsável por receber todas as ocorrências de intolerância ou preconceito por diversidade sexual, de gênero, religiosa e racial. Depois do registro, as ocorrências são direcionadas para apuração pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

"O IFCH é o lugar da inclusão e da tolerância e não aceitamos conviver com atos violentos como esse. Vamos cobrar as instâncias responsáveis para que haja investigação do caso e que as providências necessárias sejam tomadas. Pedimos a nossa comunidade que esteja atenta e informe à direção sempre que tiver conhecimento de atos violentos como esse", diz texto.

Crimes em 2016

Entre março e abril de 2016, o IFCH da Unicamp registrou pelo menos dois episódios de pichações racistas. No primeiro caso, estudantes e professores se depararam com o texto "White Power" (força branca), acompanhada de um símbolo com referência ao grupo supremacista branco Ku Klux Klan; enquanto no segundo caso a mensagem foi "Aqui não é senzala! Tirem os pretos da Unicamp já!".

À época, a universidade estadual ressaltou que "repudia toda manifestação ou ato que implique em violação dos direitos humanos e em discriminação de qualquer natureza", e solicitou que a comunidade realizasse denúncias, na hipótese de novos casos, para realizar as investigações.

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Fonte: G1

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