Banner 1 728x90

Renato Teixeira celebra sucesso da filha como Bruaca em 'Pantanal' e diz que tentou puxá-la para a música: 'Canta muito bem'

Por G1 em 11/07/2022 às 07:53:15
Ao g1, cantor diz que Isabel Teixeira foi 1º verdadeiro amor. Ele fala de cover de hit de sertanejo universitário, relembra fase na publicidade e diz preferir tocar para plateias menores. Renato Teixeira celebra sucesso da filha Isabel Teixeira em 'Pantanal'. Veja entrevista.

Se ao longo de décadas, Isabel Teixeira foi chamada de "a filha de Renato Teixeira", o apelido perdeu um pouco de seu valor desde março, quando estreou a nova versão da novela "Pantanal".

No remake, Isabel dá vida a Maria Bruaca, e o personagem vem ganhando destaque. Não só por sua história, mas também pela grande atuação de Isabel em cena. Desde então, algumas pessoas já chamam o cantor sertanejo de 77 anos e mais de quatro décadas de carreira de "o pai de Isabel". Ou até mesmo "o pai da Bruaca".

Renato diz ao g1 que não se incomoda e sente grande orgulho pela filha:

"A Bel, desde que começou a caminhar, era uma pessoa muito bem-sucedida. Em tudo que ela se envolveu, ela foi de cabeça, foi com muita competência e com muito bom humor, isso que acho legal. Ela sempre gostou de trabalhar."

"Essa sensação que o pai sente pelo filho, pode ser ele como ator, como médico, como jogador de futebol, sei lá, quando você vê que se realizou, é muito interessante."

O cantor fez uma participação na novela. Assim como seu filho, Chico Teixeira, que interpretou o peão Quim na primeira fase da trama. Agora, Renato já conta toda essa história nos palcos, por onde faz shows.

Leia também: Isabel Teixeira, a Maria Bruaca de 'Pantanal', fala sobre sucesso em novela: 'Me sentindo presenteada e apaixonada'

Isabel Teixeira e Renato Teixeira

Reprodução/Instagram

Um dia após se apresentar para quase 20 mil pessoas, Renato conversou com o g1 e falou do sucesso da filha, declarou sua paixão pelo samba, e revelou ter escrito uma novela com Jayme Monjardim, que ainda deve ir ao ar.

Ele explicou como deu uma pausa em sua carreira musical projetada para a MPB e se tornou uma máquina de jingles em um período em que trabalhou como publicitário.

"Quando entra um regime um pouco mais forte, eles querem acabar logo com os artistas, porque todo artista tem um pouquinho do Tim Maia. A gente é meio desobediente, não gostamos que nos dirijam. Como a situação ficou muito fria aqui, ficou muito triste, eu fui para publicidade", conta.

"A publicidade me ajudou muito a definir os caminhos, até a como lidar com a coisa. Eu devo ter feito mais de cinco mil jingles na minha carreira publicitária."

Em outro momento da conversa, Renato falou sobre MPB, gênero musical que ele chama de "glória mundial". "A MPB nos deu algumas coisas como, por exemplo, o maior compositor da terra. Eu desafio alguém que que me conteste: o maior compositor de música popular que já existia no planeta chama-se Antônio Carlos Jobim. É muito perfeito, é irritantemente perfeito."

"A gente produziu Elis, João Gilberto, e os mais recentes, meus contemporâneos, Chico, Caetano, Gil. Meu Deus, esse pessoal que a gente sabe que é um presente dos deuses."

"Por isso que eu às vezes muito revoltado com a seguinte palavra: acabou a mamata. Eu odeio essa palavra, acho que devia ser riscada no mapa. Acabou a mamata de quem? Mamata? Isso é mamata? Você fazer toda essa grandeza de música, de talento, de expressão? Que é isso! Esse povo precisa ser festejado."

Renato também falou sobre a regravação do hit do sertanejo universitário "Largado às traças", sucesso na voz de Zé Neto e Cristiano, e declarou que, embora tenha tocado para multidões, ainda prefere se apresentar em teatros. "Porque a minha música é muito mais coloquial, não é uma música para grandes multidões."

"Eu tenho uma música com Almir [Sater] chamada 'Rastro da lua cheia', que eu falo assim: 'Pra rios pequenos, canoas. Pra grandes rios, navios'. Às vezes eu prefiro ser canoa."

Renato Teixeira na novela 'Pantanal'

Divulgação / TV Globo

g1 - A primeira coisa que eu queria saber é se você é noveleiro e se está acompanhando a novela, seja porque ela é um clássico, ou porque seus filhos estão lá e você também fez uma participação...

Renato Teixeira - Eu gosto de novela, mas por causa do meu trabalho, não tenho como acompanhar muito. Então eu tenho que assistir assim esporadicamente. Nunca foi um acompanhador de novela, mas eu gosto muito.

Inclusive, já escrevi uma novela que Jayme Monjardim, chamada "Flor de Cera", que não foi para o ar ainda. O sonho do Jaime era colocar no ar.

E logicamente que agora, com o fato de o Chico ter participado e da Bel estar participando ainda, eu tenho assistido.

G1 - Sobre essa novela que escreveu com o Jayme, há planos de ir ao ar?

Renato Teixeira - Olha, eu e o Jayme, a gente vai ter que fazer alguma coisa juntos em algum momento. Porque a gente vem caminhando juntos há décadas. A gente vem tendo uma relação ao longo desses anos sempre nessa expectativa de que em algum momento isso possa acontecer.

Eu não sei se vai ser "Flor de Cera". Talvez seja "Romaria", que é uma também tá em pauta aí. Não sei como é que vai ser, mais uma hora vai acontecer.

Agora é aquele negócio... a minha experiência como novelista foi bem legal, porque eu escrevi uma novela, "Flor de Cera", muita gente viu, tivemos contratados na Globo por cinco meses, a novela entrou em produção, e depois aconteceu alguma coisa que eu não entendo bem, que acabou tudo fazendo água, né? Mas uma hora vai rolar, sim.

g1 - A Isabel, sua filha, agora está com sucesso nacional depois que apareceu em 'Pantanal', mas ela já está há décadas trabalhando no teatro, né? Como que é para você, para família, vê-la bem-sucedida na TV depois de acompanhar toda a trajetória dela?

Renato Teixeira - Bom, eu posso te garantir uma coisa: a Bel, desde que ela começou a caminhar, era uma pessoa muito bem-sucedida. Em tudo que ela se envolveu, ela foi de cabeça, foi com muita competência e com muito bom humor, isso que acho legal. Ela sempre gostou de trabalhar. Começou com 10 anos no teatro e nunca mais saiu.

Eu sempre tentei até puxar ela para a música, porque a Bel canta muito bem. E acabou que ela optou pelo teatro, que realmente é a linguagem dela.

Eu acho que completa o leque de coisas que ela gosta de fazer, que ela sabe fazer. Ela edita livros, ela faz pesquisas, ela tem esse tipo de envolvimento que vai um pouco além da atuação. Ela dirige também, dirige shows, ela é aqualouca, sabe aqueles caras que pulam do trampolim? Ela é circense. A Bel é muito intensa no que ela faz.

Então para mim, de repente, a popularidade, é só a cereja do bolo, porque realmente é uma coisa que viabiliza tudo.

Eu falei para ela: 'agora você vai poder escolher seu caminho com mais tranquilidade, vai poder realizar seus sonhos com mais condições'.

Essa sensação que o pai sente pelo filho, pode ser ele como ator, como médico, como jogador de futebol. Sei lá, quando você vê que se realizou, é muito interessante.

Renato Teixeira

Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio

g1: Antes de começar a novela, a Isabel era "a filha do Renato Teixeira". Já chegou o momento que você é chamado de "o pai da Isabel" ou "o pai da Maria Bruaca"?

Renato Teixeira - Eu fiz um show em Caçapava que tinha 19 mil pessoas. E num determinado momento eu falo do Chico, falo da Bel, falo da minha participação na novela, -- que inclusive aconteceu uma coisa muito legal que é pouco comentada, mas que para mim foi muito significativo. No momento que eu apareci lá, que o Quim aparece para encontrar o Tião morto, e se despedir do Tião, pô, aquele dia, a novela deu 32,9 pontos de audiência, naquele momento que foi a maior audiência do século na televisão brasileira. Eu fiquei muito feliz com isso.

No meio do show, eu comento isso. Aí de repente, tinha quase 20 mil pessoas lá gritando: "Bruaca, Bruaca". Eu achei genial!

Eu tava querendo uma hora sair com a Bel para ver como é que é a reação das pessoas quando ela botar o pé na rua. Eu acho que no começo as pessoas não vão acreditar muito.

Mas por exemplo, entrei na farmácia, daí veio uma pessoa que deve ter me reconhecido, e chegou para mim e falou assim: "Você é o pai da Maria Bruaca?".

Isso dá um prazer tão grande, dá uma alegria tão grande. Porque o amor principal, é o amor entre pai e filho. Você só conhece o verdadeiro amor, depois que você tem um filho, aí você morre por aquilo. É um amor da alma, amor instintivo.

E a Bel foi minha primeira filha, então foi com a Bel que eu conheci o verdadeiro o amor. O amor que eu senti pela Bel quando ela nasceu, é que passou a ser referência em todos os amores da minha vida.

E sabe o que gosto muito dessa história toda, é o respeito que a Bel tem com a personagem. Eu gostei muito que a Bel se inspira no jeito com que a Ângela Leal fez a primeira Bruaca. A primeira Bruaca inspirou a segunda. E isso é bonito, porque é a força do personagem, né? Desse grande dramaturgo brasileiro que chama Benedito Ruy Barbosa, que realmente cria personagens fantásticos.

A moça que vira onça, é uma coisa maravilhosa, é uma coisa brasileiríssima, né? O Velho do Rio, é um personagem maravilhoso, a Bruaca é uma personagem linda. O marido da Bruaca, esse cara está dando show, né? O próprio Zé Leôncio. Então realmente as coisas só dão certo, quando são muito boas.

Isabel Teixeira é Maria Bruaca em "Pantanal"

Globo/João Miguel Júnior

g1 – Falando um pouquinho de música, recentemente você gravou "Largado às traças", do Zé Neto e Cristiano. Colocou sua versão em um hit de sertanejo universitário, que muita gente do sertanejo mais clássico, mais raiz, torce o nariz. Queria que você falasse um pouquinho sobre o que você acha do sertanejo atual.

Renato Teixeira - A crítica que se faz é porque na verdade eles dominam 70% do mercado hoje de música no Brasil, e isso é muito para uma coisa que se exige competência, né?

Então na verdade, dentro desse imenso mundo de sertanejo universitário que tá por aí atuando, existem setores de gente muito boa, grandes cantores, grandes compositores. Não é a maioria lógico, mas existe.

Eu gosto de "Largado às Traças", eu escuto aquilo para mim, eu... Eu não passo por nenhum filtro. Eu não quero saber se é sertanejo universitário.

A Elis Regina uma vez falou para mim assim: 'Cara, quando eu vou gravar uma música, eu não quero saber se o autor é velho, se ele é moço, se ele já morreu, se ele não morreu, se ele ainda tá pra nascer...'. Ela falava essas coisas. 'Se eu gostar e se eu sentir alguma coisa por aquilo, eu gravo'.

"Largado às Traços", para mim, tem um linguajar muito contemporâneo. Tem algumas ideias, por exemplo... acho que você esfregar o chifre no asfalto é uma imagem muito forte, entendeu? E muito contemporânea. Jamais se falaria isso na época do Tonico e Tinoco.

Essa dinâmica da música, ela vem com novas palavras, com novos conceitos. Aquela tristeza. Pô, o cara que fala assim: 'o meu orgulho caiu quando subiu o álcool'. Eu me lembrei do Vinícius. Pra mim, vem desse jeito. Eu não tenho nenhuma leitura de preconceito.

Renato Teixeira

Reprodução/Instagram

Realmente tem uma parte do sertanejo que tem aí que é muito manipulada, que faz parte de um projeto comercial que envolve produtos, envolve anunciantes, envolve grandes multidões.

Tenho tocado para muita gente, para multidões. E vou te falar uma coisa, assim, de coração. Como negócio é muito bom, mas artisticamente eu prefiro teatro.

Porque a minha música ela é muito mais coloquial, vamos dizer assim, ela não é uma música para grandes multidões. Eu tenho uma música com Almir chamada "Rastro da lua cheia", que eu falo assim: "Para rios pequenos, canoas. Pra grandes rios, navios". Às vezes eu prefiro ser canoa.

g1: Você diz isso por causa do mercado musical, que exige muita produção?

Renato Teixeira: Não, porque eu acho muito difícil você se comunicar com muita gente. É um outro jeito, é um outro comportamento. Eu tenho que chegar lá, eu tenho que ser mais vibrante, sabe? Eu tenho que chegar mais longe. E a minha música, às vezes, ela é coloquial.

Se bem que uma coisa assim que me enche de orgulho, de felicidade, que quando eu canto “Amora”, que é uma canção muito delicada, reina um silêncio, que eu duvido que exista no público do sertanejo universitário. Ali tem uma tensão maior, eles não deixam a peteca cair. A técnica ali é você não parar. É pá, pá, pá. Se o cara se sentar, acabou.

g1 - Já que você vai para todas as vertentes musicais, sem preconceitos, passa pela MPB, pelo sertanejo, é um apaixonado por samba... queria saber o que que você tá ouvindo de música nova, de novos artistas?

Renato Teixeira - O melhor jeito de você ouvir música é você prestar atenção na música que tá tocando. Eu presto atenção. Como eu gravo muito, o meu grupo de interesses grava muito, eu fico mais ouvindo esse pessoal. O Almir, por exemplo, acabou de compor uma canção que é uma obra prima. Então eu gosto de ouvir essas coisas, descobrir essas coisas.

Eu estou com 77 anos, né? Eu, no meu momento, quando escuto Beatles, o significado que tem na minha vida, na minha história, da minha geração, da minha filosofia de vida, agora é uma coisa mais redonda. Então eu ouço com mais vivência. Quando escuto João Gilberto, sabe, é um cara que até hoje eu descubro coisas nele.

Então é eu gosto disso. Minha relação com a música não é muito de ouvinte, não. Ultimamente tenho ouvido muito meu disco com Fagner, mas é mas uma coisa de análise mesmo, para ver se tá tudo certo, embora o disco já tenha saído.

E eu tenho uma facilidade também de, por causa desse negócio de gostar de samba, de gostar de todas essas coisas, eu consigo compreender essas linguagens todas. O samba é uma especialidade minha. Eu falo para o meu parceiro querido parceiro, Oswaldo Montenegro: "Oswaldo, eu sou sambista". Ele fica louco. No show ele fala: "você é meu amigo sambista". Amor pelo samba, chama-se isso.

Fonte: G1

Comunicar erro

Comentários