G1
Levantamento considera cursos de pedagogia e licenciatura, voltados à formação inicial de professores. Entre 2010 e 2020, total de concluintes em faculdades presenciais caiu, mas o número de formandos em cursos presenciais aumentou drasticamente. Aulas remotas em plataformas online.Divulgação UBMEm média, 6 a cada 10 alunos que concluíram cursos de formação inicial de docentes (Pedagogia e Licenciatura) entre 2010 e 2020 fizeram educação a distância (EAD). É o que mostra um novo estudo do Todos Pela Educação que analisou dados do Censo da Educação Superior e que será divulgado na quinta-feira (21).O levantamento mostra que em 2010, 231.581 pessoas concluíram cursos voltados à formação de professores. Em 2020, foram 235.055, o que representa um crescimento de 1,5% em 10 anos.E, enquanto a fatia de formandos que fizeram ensino presencial (rede pública e privada) caiu, aquela referente à educação a distância cresceu 109,4% no mesmo período.Gabriel Corrêa, líder de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, vê perigo nestes números. "A formação inicial de professores na modalidade EAD, que deveria ser uma exceção, se tornou a principal estratégia de formação docente no país, o que é extremamente grave. Formar professor é coisa séria. Precisa de tempo, de discussões aprofundadas sobre a docência, de vivência nas escolas, de simulações de situações reais de sala de aula", diz.O especialista defende que a modalidade deveria ser melhor fiscalizada e regularizada pelo Ministério da Educação. "O MEC precisa melhorar os processos regulatórios e a avaliação que faz dos cursos. Não podemos ter essa proliferação de cursos, sem clareza sobre a qualidade da formação inicial que vem sendo ofertada para os nossos futuros professores", avalia.Em maio, o g1 mostrou que faculdades de pedagogia com avaliações de qualidade defasadas e notas baixíssimas no MEC tem atraído alunos com mensalidades abaixo de R$ 200. Com formato majoritariamente EAD, os cursos têm muita teoria e pouca prática.O Ministério da Educação foi procurado para comentar o novo levantamento do Todos Pela Educação, mas não respondeu até a última atualização.