Randolfe diz que vai convocar Campos Neto para dar explicações sobre juros
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), defendeu nesta sexta-feira (23) a convocação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para que ele preste esclarecimentos, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, sobre a manutenção da taxa de juros.
Em reunião na última quarta-feira (21), o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano – patamar em vigor desde agosto de 2022.
Desde que assumiu o mandato, o presidente Lula tem criticado Campos Neto e cobrado a redução da Selic. Integrantes do governo também pressionam por cortes. Eles argumentam que o atual patamar dos juros básicos é um entrave ao desenvolvimento econômico do país.
O BC, por sua vez, tem dito que segue critérios técnicos para definir a Selic. Em comunicado, o Banco Central afirmou que o momento da economia ainda pede "cautela".
A declaração da instituição destoa do que era estimado pelo mercado financeiro, que projetava corte na Selic a partir de agosto.
A convocação de Campos Neto seria mais um instrumento de pressão dos governistas sobre o presidente do Banco Central.
Em entrevista à GloboNews, Randolfe Rodrigues afirmou que Campos Neto, presidente do BC, está "sabotando" o país e "atrasando" a economia no que considera o "melhor momento" da atividade dos últimos anos.
"O presidente do Banco Central tem que prestar explicações sobre por que está atuando contra o Brasil e contra a realidade", afirmou.
"Talvez eu nem entrasse no mérito da manutenção da taxa. Agora, todo o mercado estava esperando uma projeção de redução [da taxa] a partir de agosto. O que o senhor do Banco Central está dizendo para nós é que talvez a projeção de redução é para 2024. Está ficando doido? Tá ficando maluco?", indagou.
Randolfe ressaltou que há uma perspectiva de redução de juros futuros e de controle inflacionário, que sustentariam uma redução da taxa Selic.
"Não é aceitável a economia e os dados caminharem em uma direção e ter um freio a que o Brasil decole. A ação da parte do presidente do Banco Central não é só de sabotagem, mas está freando que o Brasil decole", disse o líder do governo.
Banco Central independente
Randolfe disse que não conversou com Lula nem com Fernando Haddad, ministro da Fazenda, sobre a possibilidade de convocação de Campos Neto ao Senado. Ele afirmou, no entanto, que o governo precisa agir.
Com o Banco Central independente, Lula não tem poder para demitir Campos Neto, que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para a presidência da instituição.
Somente o Senado pode retirar Campos Neto da presidência do BC, o que não está no radar da Casa Legislativa, apesar da pressão de governistas. O mandato de Campos Neto na instituição financeira vai até o fim de 2024.