Dino diz que PF 'não tem lado' e critica 'ingerência' sobre investigação que apura recrutamento de brasileiros por terroristas

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta quinta-feira (9) que a Polícia Federal brasileira "não tem lado" e reclamou de "ingerência indevida" sobre a investigação que apura tentativa de recrutamento de brasileiros por pessoas ligadas ao grupo armado libanês Hezbollah.

Na quarta (8), a PF cumpriu dois mandados de prisão e 11 mandados de busca e apreensão dentro da operação Trapiche, que teve como objetivo "interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para prática de atos extremistas."

Na nota que divulgou na quarta sobre a operação, a PF não informou qual seria o grupo por trás do recrutamento nem os alvos dos ataques em planejamento.

Entretanto, também na quarta, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Bejamin Netanyahu, divulgou que a agência de inteligência israelense Mossad contribuiu com as investigações brasileiras. Afirmou ainda que a operação da PF brasileira frustrou "um ataque terrorista no Brasil, planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigida e financiada pelo Irã."

Sem citar Israel, Dino disse que antecipar o resultado da investigação conduzida pela PF brasileira é uma "ingerência".

"Ninguém que coopera conosco pode pretender substituir as instituições brasileiras e antecipar vereditos. Então, dizer que uma investigação brasileira, que se processa sob supervisão do poder judiciário, já concluiu pela responsabilidade de um grupo de pessoas ou de países? Isso é uma ingerência indevida, por isso mesmo fiz questão de deixar claro que, como ministro da Justiça, minha obrigação é dizer que a polícia federal não tem lado", disse Dino.