Banner 1 728x90

'Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo' decepciona com filme inferior aos quadrinhos; g1 já viu

.

Por G1 em 18/01/2024 às 04:17:28
Aventura tem versões adolescentes dos personagens de Mauricio de Sousa, baseada na série de HQs lançada em 2018. Os personagens criados por Mauricio de Sousa voltam um pouco mais crescidos no decepcionante "Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo", depois de conquistar público e crítica com "Turma da Mônica: Laços" (2019) e "Turma da Mônica: Lições" (2021).

Não se trata do encerramento de uma trilogia, no entanto. O filme, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (18), traz um elenco completamente novo e temas adolescentes, de olho em um público mais velho e fã da série de quadrinhos com inspiração no estilo japonês lançada em 2018.

Infelizmente, apesar das boas intenções do projeto, o resultado fraco não faz jus ao material original.

Assista ao trailer do filme "Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo"

A trama começa no início das aulas de Mônica (Sophia Valverde), Cebola (Xande Valois), Cascão (Theo Salomão), Magali (Bianca Paiva), Milena (Carol Roberto) e outros membros da turma agora no ensino médio.

Além de questões pessoais, o grupo precisa lidar com a venda do museu do bairro do Limoeiro, que guarda grandes descobertas arqueológicas e é coordenado pelo professor Licurgo (Mateus Solano), diretor da escola local.

Enquanto tentam salvar o museu, Mônica e seus amigos percebem estranhos acontecimentos que podem estar ligados a mitos e histórias secretas da região. Ao tentarem descobrir a verdade, a turma enfrenta uma terrível ameaça que coloca todos em risco.

Cena do filme 'Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo'

Laura Campanella/Divulgação

Nova Turma, novos problemas

Embora "Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo" deixe claro desde o início que sua proposta não tem nada a ver com a dos filmes anteriores, a comparação é inevitável.

"Laços" e "Lições" foram bons graças ao cuidado em contar uma boa história, algo que conquistasse não só os fãs dos quadrinhos, mas também quem nunca folheou uma revistinha da turma.

O mesmo não acontece uma terceira vez, infelizmente.

Praticamente tudo o que envolve essa produção parece ter sido feita com desleixo. A começar pela fraca direção de Maurício Eça (de "Carrossel - O filme" e "A menina que matou os pais"), que não consegue criar nenhuma cena empolgante no filme, seja nos momentos mais tensos ou mesmo nos que deveriam ser emocionantes.

O cineasta também erra na direção dos atores, o que deixa compromete todas as atuações. Em uma cena, por exemplo, um dos personagens deveria tomar um susto e tropeçar. A maneira como Eça elaborou a sequência é tão sem graça que parece ter saído de um teatrinho infantil.

A sensação de perigo do filme é nula, graças ao diretor, e nunca faz o público se importar com o destino dos personagens. Ao contrário do que ocorria com Daniel Rezende em "Laços" e "Lições".

Mônica (Sophia Valverde) e Cascão (Theo Salomão) ajudam o professor Licurgo (Mateus Solano) em 'Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo'

Nat Odenbreit/Divulgação

Excesso de autoajuda

Pior do que a direção só o roteiro. Escrito por Sabrina Garcia, Rodrigo Goulart e Regina Negrini, a trama se perde em situações episódicas que deixam os personagens separados várias vezes e que nunca funcionam individualmente.

Com uma mistura mal feita de elementos de fantasia, tensão e suspense de qualquer jeito, a história nunca cativa ou diverte.

Características chave dos personagens, como a irritação da Mônica diante de algumas situações de injustiça, aparecem de forma jogada, sem maior desenvolvimento ou consequência para história. Por causa disso, tudo é resolvido (ou não) de maneira rápida e rasteira, o que é uma pena.

Para piorar, os diálogos são bem ruins e superficiais, mesmo para uma obra que se baseia em histórias em quadrinhos. É difícil aceitar o que os atores estão dizendo, porque as falas são bem inverossímeis.

Isso sem falar no excesso de frases de efeito ou de autoajuda que brotam na tela de forma brega e pouco convincente, especialmente na parte final do filme, o que ajuda a tornar o desfecho uma verdadeira catástrofe.

Os efeitos visuais também são um destaque negativo de "Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo". O Brasil já produziu sequências bem melhor elaboradas nesse aspecto não faz muito tempo. O que aparece no filme parece um retrocesso desnecessário.

Carol Roberto, Theo Saloma?o, Bianca Paiva (em cima), Sophia Valverde e Xande Valois (embaixo) em 'Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo'

Laura Campanella/Divulgação

Bom elenco desperdiçado

Um dos grandes méritos dos filmes anteriores da Turma da Mônica foi a escolha certeira do elenco para interpretar os personagens. Em "Reflexos do medo", isso também acontece, mas em parte.

Valverde, que se destacou em filmes juvenis como "As aventuras de Poliana" (2023), se esforça para fazer bem a Mônica, mas tropeça quando tem que mostrar os ataques de raiva da personagem. Sua irritação nunca soa natural, o que compromete o seu resultado final.

O Cebola (ex-Cebolinha) de Valois, que participou de novelas como "Éramos seis" (2019) e "Êta mundo bom!" (2016) na Globo, é irregular. Salomão, em seu segundo filme depois de "A despedida" (2016), se sai um pouco melhor como Cascão, mas não chega a se destacar. Quem está bem mesmo é Paiva, de "Chiquititas" (2013), que dá o tom certo de sua Magali, assim como Laura Rauseo em "Laços" e "Lições".

Mateus Solano interpreta o professor Licurgo em 'Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo'

Laura Campanella/Divulgação

Entre os atores mais conhecidos, Mateus Solano exagera nas caras e bocas como Licurgo, que seria na verdade a versão "mansa" do Louco (que foi vivido por Rodrigo Santoro no primeiro filme), e perde a chance de tornar seu personagem mais interessante ou divertido.

Eliana Fonseca, a única a reprisar seu papel nos longas anteriores, está apenas passável como a tia da Magali (agora integrante de uma irmandade de cozinheiros ligados à magia). Os outros atores, como Maria Bopp (no papel de uma coordenadora do colégio) pouco têm a fazer.

"Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo" foi planejado para iniciar série cinematográfica própria. Isso fica bem claro na cena final e em outra, durante os créditos. Ambas tão desinteressantes que provocam vontade nenhuma de ver o que vai acontecer no futuro.

Há um ponto positivo, no entanto. O filme é bem curto. Fica a torcida para que acertem mais na próxima vez.

Fonte: G1

Comunicar erro

Comentários