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'Pobres criaturas' oferece experiência cinematográfica que perturba e seduz; g1 já viu

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Por G1 em 01/02/2024 às 04:33:24
Filme indicado a 11 Oscars traz de volta a parceria entre Emma Stone e Yorgos Lanthimos, diretor de 'A favorita'. Quem for assistir a "Pobres criaturas", que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (01), pensando que a produção é apenas uma nova adaptação de "Frankenstein" ou "A noiva de Frankenstein", pode ficar chocado. Apesar de ter uma protagonista que volta à vida após a experiência de um cientista genial, porém louco, as semelhanças param por aí.

Felizmente, o novo filme do diretor Yorgos Lanthimos ("A favorita", 2019) vai muito além e provoca, faz pensar e impede qualquer indiferença — mesmo entre aqueles que ficarem incomodados por alguns momentos mais intensos.

As inúmeras qualidades de "Pobres Criaturas" resultaram em 11 indicações ao Oscar 2024, como melhor filme, melhor diretor (Lanthimos), melhor atriz (Stone) e melhor ator coadjuvante (Mark Ruffalo).

Assista ao trailer de "Pobres Criaturas"

O filme ainda levou os Globos de Ouro de melhor comédia ou musical e melhor atriz do gênero.

Inspirado no livro de Alasdair Gray, a trama é centrada em Bella Baxter (Emma Stone), uma jovem que vive em uma luxuosa mansão com Godwin Baxter (Willem Dafoe), que a mantém isolada do mundo.

O motivo é que Bella, na verdade, havia morrido e Baxter conseguiu ressuscitá-la através de um experimento onde ele colocou nela um novo cérebro.

Cada vez mais curiosa em saber como é o mundo externo, à medida que sua mente evolui, Bella acaba conhecendo o malicioso advogado Duncan Wedderburn (Ruffalo), que a convence a viajar com ele.

Em uma jornada por vários continentes, ela evolui ainda mais como mulher e como ser humano, mesmo que muitos não entendam seus pontos de vista fora dos padrões sociais.

Bella (Emma Stone) dança em uma cena de 'Pobres criaturas'

Divulgação

Ousadia e alegria

"Pobres criaturas" se destaca entre os filmes recentes produzidos em Hollywood pela forma criativa e inusitada que Lanthimos conta sua história. O diretor arrebata o público ao misturar elementos de drama, ficção científica e humor de com equilíbrio e sem medo de levar sua proposta por caminhos fora do convencional.

Assim, realiza momentos incríveis que cativam pelo surrealismo e pelos diversos elementos surpresa espalhados por todo o longa.

Algumas cenas impactam, especialmente pela maneira que a protagonista experimenta os prazeres do sexo em suas várias formas. Outras causam encantamento pelo cuidado visual que Lanthimos e sua equipe (em especial seu diretor de fotografia, Robbie Ryan, também indicado ao Oscar) criam para o filme, com imagens belíssimas, tanto em preto e branco quanto em cores.

Emma Stone (Bella) e Mark Ruffalo (ao fundo) numa cena de 'Pobres criaturas'

Divulgação

O cineasta volta a usar enquadramentos incomuns, através de lentes pouco usadas no cinema convencional, como fez também em "A favorita", e que parece estar se tornando sua marca registrada. Mesmo que pareça repetitivo para quem já viu seus outros longas, nunca perde o efeito de deixar o público em geral impressionado.

Outro grande mérito de "Pobres criaturas" está no roteiro, assinado por Tony McNamara (que também escreveu "A favorita"). O texto conta com bons diálogos, falas desconcertantes e personagens bem construídos. O script também desenvolve bem a história, que, apesar de ter uma pequena queda perto do fim, volta a ganhar fôlego, felizmente.

Outros aspectos técnicos, como cenografia, direção de arte e figurinos ajudam a tornar "Pobres criaturas" uma experiência e tanto para ser conferida nos cinemas.

Emma Stone interpreta Bella Baxter em 'Pobres criaturas'

Divulgação

Mulher super poderosa

Mas "Pobres Criaturas" não seria um projeto tão bem sucedido se não fosse a fenomenal interpretação de Stone como Bella. A atriz se arrisca em um papel ousado, onde se despe de todos os pudores para realizar cenas intensas e audaciosas para quem já ganhou um Oscar (por "La La Land", em 2017) e poderia fazer apenas papéis bem comportados durante o resto da carreira.

Só que Emma, que já tinha mostrado que não queria só fazer mocinhas bondosas em filmes como "A Favorita" e "Birdman" (2015), quis explorar em "Pobres Criaturas" outros campos de atuação. Ela poderia se dar mal com essa tentativa, mas deu tudo certo.

Ela constrói muito bem a evolução de sua personagem, apresentada inicialmente como uma criança grande, já que sua mentalidade ainda está em desenvolvimento no início do filme.

Poucas atrizes conseguiriam fazer esse trabalho tão bem quanto Emma. Não é por acaso que ela tem grandes chances de levar seu segundo Oscar para casa.

Willem Dafoe interpreta o cientista louco Godwin Baxter em 'Pobres criaturas'

Divulgação

O restante do elenco também está muito bem. A começar por Dafoe. Debaixo de uma maquiagem exótica, o ator convence ao tornar Godwin um homem estranho e ambíguo. Se, no início do filme, ele chama a atenção por sua estranheza, na parte final ele acaba mostrando sua humanidade, o que pode levar o espectador a ter compaixão por ele.

Já Ruffalo, embora sempre competente, não chega a ser tão brilhante em sua atuação quanto a vista em outros filmes. O ator, também indicado ao Oscar, começa bem, especialmente nas cenas mais complexas com Stone. Mas, depois da metade do longa, parece que perde o fôlego e acaba entregando uma performance abaixo do esperado. Não atrapalha, mas também não se destaca.

Mark Ruffalo vive o advogado Duncan Wedderburn em 'Pobres criaturas'

Divulgação

O pouco conhecido Ramy Youssef, que interpreta Max, o assistente de Godwin que se encanta por Bella, também funciona bem, mas não tem muito espaço para se destacar mais.

"Pobres criaturas" comprova que Lanthimos é mesmo um dos diretores mais interessantes a surgir nos últimos anos e que encontrou em Stone sua musa.

Os dois, aliás, já fizeram um terceiro filme, "Kinds of Kindness", ainda sem título em português e sem previsão de lançamento no Brasil. Certamente, será mais uma obra que vai dar o que falar.

Bella (Emma Stone) numa cena de 'Pobres criaturas'

Divulgação

Fonte: G1

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