Defesa alega que não teve acesso ao cliente durante depoimento e que, por isso, ele teria optado por ficar em silêncio. Também pede um novo depoimento. Para PF, Câmara perdeu a oportunidade de esclarecer algo e não pretende intimá-lo novamente Defesa de Marcelo Câmara diz não pôde acompanhar cliente em depoimentoA Polícia Federal (PF) já tem provas suficientes contra o coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), preso por suspeita de participar da tentativa de golpe de Estado. A defesa não compareceu ao depoimento e Câmara exerceu o direito de ficar em silêncio. Ele não será intimado novamente pois os investigadores acreditam que já possuem provas suficientes contra ele, e que o fato de ter ficado em silêncio o fez perder a oportunidade de se defender.A PF afirma que ele foi intimado com antecedência e que a ausência da defesa é uma tentativa de tumultuar a investigação. Câmara tem vários advogados vinculados ao processo e nenhum deles compareceu ao depoimento. Um destes advogados de defesa, Eduardo Kuntz, foi até a PF, em Brasília, para o depoimento, mas ficou presente no interrogatório de outro cliente marcado para o mesmo horário.No caso, ele foi ao depoimento de Tércio Arnaud, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado "gabinete do ódio". Ele também é investigado por tentar dar um golpe de Estado no país e invalidar as eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Kuntz, que defende os dois, afirmou que, quando acabou o depoimento de Arnaud, pediu que fosse levado até o Câmara e foi informado que ele já tinha deixado a PF. "Não é possível que ele foi embora. Ele está preso, quer responder às perguntas para que tenha mais argumento para o ministro [do STF] Alexandre de Moraes verificar a desnecessidade de sua prisão", disse em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews. Segundo Kuntz, o objetivo era que Câmara respondesse a todos os questionamentos e que não houve orientação para que ele ficasse em silêncio. "A orientação era que, assim como com o Tércio [Arnaud], responderíamos a todas as perguntas e queremos responder a todas as perguntas possíveis para deixar clara a participação dele e para que ele tenha sua liberdade concedida".A defesa pede um novo depoimento de Câmara.Coronel Marcelo Câmara foi assessor especial de Jair BolsonaroReproduçãoA oitiva de Câmara estava marcada previamente para 14h30, horário em que o advogado não compareceu. Por volta de 16h30, Câmara foi chamado para ser ouvido e, como estava sem advogado, exerceu o direito de permanecer em silêncio. Para a PF, causa estranheza que Câmara e Arnaud tenham o mesmo advogado pois os interesses e a defesa deles são conflitantes.