Somadas a fatores externos, as declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocando em dúvida a necessidade de corte de gastos já começaram a surtir efeito negativo na economia. O dólar fechou a quarta-feira (26) perto de R$ 5,52 e os juros futuros voltaram a subir.A equipe econômica, no entanto, vai tentar convencer o presidente de que é preciso, também, fazer o ajuste pelo lado das despesas. Alguns gastos vêm crescendo bem acima da arrecadação.O cenário dos últimos dias na economia foi oposto ao esperado pela equipe do Ministério da Fazenda, que acreditava numa estabilidade depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) ter decidido interromper o ciclo de queda da taxa de juros nos 10,5% ao ano. A equipe econômica ainda confia, porém, em estabilidade no curto prazo.Segundo assessores, os números da área fiscal vão melhorar e serão impulsionados por um provável bloqueio orçamentário na casa de R$ 20 milhões em julho 2 – o que deve contribuir para tranquilizar o mercado.Se a instabilidade se mantiver, pode acabar contaminando a inflação do segundo semestre. E, com isso, adiar ainda mais o momento em que o Banco Central decidirá retomar a queda da Selic.Lula indica não estar convencido de que o corte de gastos seja necessário e desagrada mercado; Bruno Carazza comentaConselhão dará a temperaturaLula deve sentir hoje a temperatura deste momento da economia na reunião desta quinta-feira (27) do Conselhão, formado por empresários, sindicalistas e ativistas. Entre os empresários, estarão alguns que, nos últimos dias, criticaram publicamente ou nos bastidores a estratégia do governo de tentar reduzir o déficit nas contas da União e a dívida pública somente com aumento de receita.Assessores de Lula estão na expectativa de qual será a reação dos empresários às falas do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a abertura do encontro no Palácio do Planalto. A dúvida é se Lula vai seguir também nas suas críticas ao setor privado – a quem tem acusado de ficar atrás de incentivos e benefícios fiscais, sem as devidas contrapartidas. Já o ministro Fernando Haddad deve falar na necessidade de ajustar as contas públicas e vai pedir o apoio do empresariado na sua missão. Ou seja: de outra forma, também pedirá ajuda para cortar benefícios fiscais.Situação das contas públicas e declarações de Lula causam nervosismo no mercado