Presidente esteve na semana passada em Moscou e tem sido cobrado a condenar ação russa. Mourão disse que Brasil é contra invasão, mas presidente o desautorizou. Presidente Jair Bolsonaro discursa em evento em Brasília nesta sexta-feira (25)
Reprodução/TV Brasil
O presidente Jair Bolsonaro participou nesta sexta-feira (25) de um evento em Brasília e, em mais um discurso público, não deu opinião sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.
A invasão começou na madrugada desta quinta (24). Militares russos ocupam o território ucraniano e, segundo o governo local, ao menos 137 cidadãos já morreram nos ataques. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, já afirmou que "quem interferir levará a consequências nunca antes experimentadas na história".
Nesta sexta, Bolsonaro participou de um evento do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e discursou por quase 20 minutos. Falou, entre outros assuntos, da relação com o ministro da Economia, Paulo Guedes, mencionou a troca no comando do instituto e medidas adotadas durante a pandemia.
Bolsonaro esteve na semana passada em Moscou e se solidarizou com a Rússia. Desde que a invasão da Ucrânia começou, nesta quinta, o presidente brasileiro tem sido cobrado pela Ucrânia, pelos Estados Unidos e pelo Congresso Nacional a condenar a ação russa.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil chegou a soltar uma nota pedindo a suspensão das "hostilidades" na Ucrânia, mas não condenou a invasão. O vice-presidente Hamilton Mourão disse que o Brasil é contra a invasão russa, mas Bolsonaro o desautorizou (leia detalhes mais abaixo).
O governo brasileiro, entretanto, terá de se posicionar sobre o tema na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Bolsonaro fica na contramão dos principais líderes mundiais e não condena invasão à Ucrânia
Bolsonaro desautoriza Mourão
Na noite desta quinta, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais e não opinou sobre a invasão.
Na ocasião, Bolsonaro ainda desautorizou Mourão, que condenou o ataque russo por desrespeitar a soberania da Ucrânia.
"Deixar bem claro: o artigo 84 diz que quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso — e falou mesmo, eu vi as imagens — está falando algo que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa", declarou o presidente na live.
À colunista do g1 Andréia Sadi, Mourão disse que não vai comentar o assunto.
Casamento 'indissolúvel' com Guedes
Durante o evento do Inmetro, nesta sexta, Bolsonaro afirmou que o "casamento" com o ministro da Economia, Paulo Guedes, é "indissolúvel".
O presidente deu a declaração ao contar que escolheu o coronel do Exército Marcos Heleno Guerson para presidir o Inmetro, vinculado ao Ministério da Economia, em razão da demora para tratar de mudanças nas regras de taxímetros e tacógrafos que lhe desagradavam.
"Eu confesso, eu pouco sabia sobre o Inmetro. E começamos então a trabalhar nesse sentido. Até que chegou um dado momento e eu falei 'Paulo Guedes, acabou a cota do secretário aí ou resolve agora ou...' O meu casamento com o Paulo Guedes é indissolúvel, não existe divórcio, tá'", disse Bolsonaro.
Podcast
Ouça o episódio do podcast O Assunto sobre "Guerra na Ucrânia: aberta a caixa de Pandora":