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Ex-membros do Cidade Negra falam de disputa por nome da banda e negam acusações de Bino e Garrido

Por G1 em 18/04/2022 às 12:10:18
Da Ghama, Lazão e advogado da dupla explicam disputa judicial por nome. Eles confirmam briga entre vocalista e ex-baterista: 'Houve uma agressão de ambas as partes'. Ras Bernardo e Da Ghama, em show do projeto Originais Cidade em dezembro de 2018, em Brasília, antes de Lazão entrar no novo grupo

Divulgação/Facebook oficial da banda/Ronald Jesus

Ex-integrantes do Cidade Negra, o baterista Lazão e o guitarrista Da Ghama falaram ao g1 sobre a disputa judicial pelo nome da banda. Eles também negaram acusações feitas por Toni Garrido e Bino Faria, hoje os únicos membros da banda de reggae.

Lazão e Da Ghama estão em turnê com o projeto Originais Cidade, acompanhados do vocalista Ras Bernardo. Ras foi cantor do Cidade Negra entre 1986 e 1994. Da Ghama tocou guitarra no grupo entre 1986 e 2008. Lazão ficou na banda de 1986 até 2022. O Originais foi criado em 2018.

Como é a disputa pelo nome Cidade Negra?

Segundo o advogado do trio, Nehemias Gueiros Jr., ele e os três ex-membros buscam "uma reorganização da legalidade da situação". "Toni tem vários atributos positivos, canta bem, tem boa performance de palco. Mas ele nunca foi nem será o dono da marca. O ato de registrá-la somente em seu nome foi desleal. Há uma ação na Justiça Federal contra o INPI", diz o advogado ao g1.

Antes da publicação da primeira reportagem sobre o caso, os dois ex-integrantes do Cidade Negra não quiseram dar entrevista ao g1 e não responderam às acusações feitas por Toni e Bino. Após a publicação, Lazão e Da Ghama decidiram falar ao g1 e o texto original foi atualizado.

Garrido está registrado como dono do nome Cidade Negra no Instituto Nacional da Propriedade Industrial. No INPI, consta apenas o nome dele, Antônio Bento da Silva Filho, mas o vocalista diz que vai criar uma empresa para que ele e Bino sejam donos da marca Cidade Negra.

Banda tem Toni Garrido nos vocais, Bino Farias no baixo e Lazão na bateria

Divulgação/Cidade Negra

Segundo Garrido, ele foi escolhido por ser o único sem pendências judiciais dentre os então três integrantes. O pedido foi feito em dezembro de 2018 e concedido em novembro de 2019.

Segundo o advogado do trio dos ex-membros, Toni e Bino assinaram um contrato em que ficou definido que a marca Cidade Negra só poderia ser usada com os três. O g1 teve acesso ao contrato, assinado em 2012. Os ex-membros alegam que Toni Garrido teria feito shows solos e não tem direito a usar o nome da banda. "Quem se apropriou da marca sem ser fundador e violando um contrato assinado foi Toni Garrido", diz o advogado. Toni nega que tenha se apropriado da marca.

O vocalista ficou na banda em 1994 e 2008. Ele foi substituído por Alexandre Massau, mas retornou dois anos depois. Bino é o único integrante presente do começo até agora.

O baixista diz que inventou o nome da banda e Toni registrou Cidade Negra em seu nome, após decisão tomada em uma reunião na qual Lazão e Bino estavam. O g1 perguntou ao advogado de Lazão, Ras Bernardo e Da Ghama se os ex-integrantes confirmam que Bino tenha criado o nome. "Que traga as testemunhas e prove isso", respondeu ele.

O que Lazão diz sobre a briga?

Lazão descreveu a "briga" com Toni em detalhes. Ele nega ser o único agressor no episódio relatado por Toni. "Eu disse 'não vou brigar com você, porque você não tem condições de brigar comigo. Eu treino jit-jitsu desde os anos 90. Eu sei me defender, tenho equilíbrio, emocional.' Quando ele chegou perto de mim, eu disse que não ia brigar. Ele me agarrou por trás, eu empurrei ele, que caiu em cima de uma mesa."

"Vieram me segurar. Nisso que as pessoas me seguraram, o Bino não estava nem perto. Ele disse que tomou um soco no nariz e sangrou, ele não estava nem perto. Eu vi o Toni me dando um soco na costela, eu sendo segurado, vi o rosto dele cruzar pro lado esquerdo onde direcionei um soco de mão fechado para pegar no rosto. Eu vi que iria pegar e fazer um estrago. Eu sou tão confiante naquilo que eu faço, que na hora que eu vi que ia pegar, eu abri a mão e dei um tapa no rosto dele. Então, ali virou uma ira."

Segundo Lazão, foi "legítima defesa". "Eu treino jiu-jistu para me defender. Pergunta quem é Lazão no Rio de Janeiro e vão falar da minha essência. Eu tinha que parar com esses 12 anos de escravidão e boicote feitos pelo Toni Garrido e Bino Farias. Vou resgatar o nome do Cidade Negra com os verdadeiros fundadores. Eu tenho orgulho e amor pela poesia que anima os corações tristes."

Lazão comentou ainda a acusação de que teria roubado equipamentos e vendido. "Eu nunca roubei nada, mas vendi, sim, cinco instrumentos dele que estavam podres, comidos de cupim, para pagar uma conta de luz e botar comida na mesa da minha família. Eu vendi tudo, moto bicicleta, as coisas do estúdio. Não tinha mais lada para vender."

"Foi acabando tudo na minha casa, luz cortada, eu peguei três violões dele comido de cupim, e duas guitarras sem cordas, sem captador, já tudo comido... o cara falou: 'irmão, se eu comprar essa guitarra eu vou gastar muito mais na revisão dela, colocando captadores novos e esses violões eu vou ter que levar no luthier. Mas você é meu amigo.' Vendi por telefone, ele mandou uma passei buscar aqui e eu entreguei. E eu vou te falar que eu não recebei nem R$ 5 mil nessa venda dessas duas guitarras e desses três violões tudo podre. Eu nunca roubei nada de ninguém. Eu vendi porque tiraram o pão da minha família, meu sustento de 35 anos, desde quando eu fundei a banda com Ras Bernardo, Da Ghama e Bino, juntos. Eu sempre me mantive equilibrado, quando aconteceu essa briga, com o Toni descontrolado por algum motivo."

Segundo ele, Toni Garrido fez shows solo e por isso não tinha tempo para sair em turnê e fazer lives com a banda. Segundo Lazão, isso seria o mesmo que "fazer caixa 2". Ele também diz que queria gravar mais músicas, mais álbuns, e Garrido não queria. O cantor nega e diz que Lazão é quem não quis ao estúdio gravar novas músicas. "Ser chamado de Ladrão, desculpa, mas quem estava fazendo caixa 2 não sou eu."

O que Da Ghama diz?

Da Ghama se disse indignado com a "acusação de suborno" e nega que tenha feito isso. "Eu não consigo entender essa acusação, eu gostaria que ele provasse com mais embasamento. É uma situação muito negativa, depreciativa e aguardo a prova sobre a fala dele", diz o guitarrista. Ele acrescentou que todas as músicas são feitas em parceria, então não teria sentido tentar subornar.

Ele falou sobre "a briga de Lazão e Toni", nas palavras dele. "Foi uma briga de dois homens, é uma situação que acontece no mundo da música pop. É importante deixar claro que houve uma agressão de ambas as partes e que estamos aqui no foco da marca Cidade Negra, que começou em 1985 a história dessa banda, em Belford Roxo, onde a gente juntos pensou no nome e veio a ideia do nome Cidade Negra, mas mostrando que a marca se mostrou valorizada com o trabalho de todos."

Fonte: G1

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