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Em feito inédito, estudante brasileiro conquista medalhas de bronze em olimpíadas internacionais de física e química

Por G1 em 20/07/2022 às 23:06:15
Rafael Moreno Ribeiro, de 17 anos, é o primeiro brasileiro a levar medalhas das duas competições no mesmo ano. Rafael Moreno Ribeiro, medalhista de bronze da IPhO e IChO 2022.

Foto: Divulgação

Rafael Moreno Ribeiro, medalhista de bronze da IPhO e IChO 2022.

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O aluno Rafael Moreno Ribeiro, de 17 anos, levou duas medalhas de bronze na última semana após participar das olimpíadas internacionais de química e de física. Com isso, ele é o primeiro brasileiro a ser premiado nas duas olimpíadas ao mesmo tempo.

A última vez que um brasileiro participou das duas competições no mesmo ano foi em 2002. Na ocasião, Rafael Tajra Fonteles saiu com a medalha de bronze da olimpíada de química e uma menção honrosa da disputa de física.

Para alcançar o feito inédito, Rafael precisou mudar de estado e de escola e passar pelas classificatórias estaduais e nacional em um processo que durou mais de dois anos. As avaliações internacionais foram feitas na última quarta-feira (13).

Rafael ficou com a medalha de bronze na Olimpíada Internacional de Física (IPhO na sigla em inglês), sendo o terceiro brasileiro mais bem colocado. E levou mais um bronze na Olimpíada Internacional de Química (IChO), onde foi o mais bem colocado entre os representantes brasileiros.

A maratona de preparação para essas competições começou lá atrás, quando Rafael estava no ensino fundamental. Ele conta que sempre teve facilidade com matemática e precisou se dedicar à disciplina enquanto se preparava para participar do processo seletivo para um colégio militar de Salvador, onde morava com a família.

"Para passar para o colégio militar era preciso estudar bastante matemática e já ter uma boa base prévia. Fiz a prova durante o 5Âș ano para ingressar no 6Âș". No ano seguinte, Rafael estava matriculado no colégio.

Depois disso, a física entrou em sua vida através de provocações de Felipe, seu irmão mais velho.

"Meu irmão chegou a se classificar para a Olimpíada Brasileira de Física. Ele me provocava e estimulava, foi me dando umas aulas e devo muito a ele. Foi ele quem me ajudou a tomar gosto pela física", conta.

A química pegou carona nesse percurso. "Eu fazia aulas particulares de física com um amigo ainda em Salvador e, às vezes, estávamos estudando juntos e ele puxava algum livro de química, dizia que era interessante, e aí fui começando a gostar um pouco mais por causa desse amigo", relembra.

Em 2020, quando iniciava o ensino médio, Rafael conseguiu uma bolsa de estudos no colégio Ari de Sá, do SAS Plataforma de Educação, em Fortaleza, onde hoje cursa o 3Âș ano.

Ao todo, ele coleciona nove medalhas e uma menção honrosa.

2 Pratas na OBMEP (2017 e 2019)

4 Ouros na OBF (2018, 2019, 2020 e 2021)

Ouro na OMEBA (2019)

1 Ouro na OBQ (2021)

Primeiro lugar na ONNEQ (2021)

Menção Honrosa na APhO (2022)

Apoio da família

"Se não fosse pela minha família, eu não estaria aqui", conta Rafael, emocionado. Ele lembra da reação de todos quando souberam que ele havia se classificado para a fase internacional das duas disputas.

A primeira competição a divulgar a lista de classificados foi a disputa de física, em abril de 2021. "A Sociedade Brasileira de Física estava fazendo uma live para anunciar o resultado, mas acabaram mostrando os nomes antes da hora, e só eu vi. Eu estava em Fortaleza, minha família estava em Salvador e meu irmão, em São Paulo. Comecei a comemorar sozinho. Mas, quando o resultado oficial saiu, minha mãe me ligou chorando, meu pai também chorou", conta.

Com o irmão não foi diferente.

"Ele me mandou um áudio chorando e aquilo mexeu demais comigo. Foi ele quem me ajudou a começar o processo [de seleção]. E ele se emocionou com minha conquista", diz.

O resultado da classificação de química saiu em uma publicação no site da Sociedade Brasileira de Química.

"Eu enviei o resultado no grupo da família [em um aplicativo de mensagens instantâneas] e todos ficaram muito felizes. Minha mãe me ligou e estava tendo um churrasco lá [na casa dela]. Ela disse que já sabia que eu seria classificado e era para comemorar, mas acho que ela só queria um motivo para fazer um churrasco", diz, aos risos.

Rafael Moreno Ribeiro, segundo da esquerda para a direita.

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"Física é mais elegante"

Apesar de gostar do reconhecimento que conquistou com a matemática, a física e a química, é a física que deixa Rafael mais entusiasmado.

"Difícil escolher uma. São disciplinas muito diferentes, não dá para comparar. Mas eu prefiro física, acho mais elegante", revela.

E o que o atrai na matéria é justamente o que assusta muitos estudantes que precisam encarar os conteúdos.

"Física é cheia de fórmulas e sei que muita gente reclama que tem que decorar, mas eu acho bonita essa parte de conseguir demonstrar resultados a partir das fórmulas".

Mas, apesar da facilidade com cálculos e experimentações, Rafael também tem um carinho especial por disciplinas de humanas.

"No meu tempo livre, quero descansar. Às vezes, só quero que as equações sumam da minha mente (risos). E acho revigorante estudar história e geografia. São um refúgio para mim, porque não dá para estudar exatas o tempo todo", analisa.

O que o futuro reserva

Rafael já tem uma ideia de onde quer cursar o ensino superior. "Se for possível, quero me graduar nos Estados Unidos. Se for no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT na sigla em inglês), então, será perfeito", pondera.

E, apesar das medalhas e menções honrosas que a física e a química lhe renderem até aqui, o curso ainda não é um consenso.

"Eu queria muito seguir estudando ciências, porque acho que já ficou claro que é o que eu gosto. Mas penso também em fazer algo voltado para comunicação, porque sempre tive curiosidade de aprender a programar, algo que não tive tempo de aprender no ensino médio".

"Além disso, há muitas aplicações da computação na própria física e química. Tem equações que não conseguimos responder no papel, mas dá para aproximar usando um programa de computador, e eu quero aprender a fazer isso", finaliza.

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Fonte: G1

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