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Diferenças de gĂȘnero interferem no sistema imunológico

Por G1 em 17/11/2022 às 17:52:14
Homens e mulheres reagem de forma diversa a vírus e vacinas A pesquisadora Sabra Klein gosta de lembrar que, quando fazia seu doutorado na Johns Hopkins University, estudou a influência dos hormônios sexuais no cérebro e no comportamento. Diante das evidências de seu poder de afetar inúmeros processos fisiológicos, ela imaginou que, em seu pós-doutorado, seria interessante investigar como a questão de gênero impacta o sistema imunológico. No entanto, foi grande a dificuldade para encontrar um centro de referência que a acolhesse. Isso foi em 1998 mas, felizmente, agora a doutora Klein está à frente de um laboratório que leva seu nome na Bloomberg School of Public Health – e cujo objetivo é desvendar os mecanismos que fazem com que homens e mulheres tenham respostas imunológicas diferentes quando são vacinados ou vítimas de infecções.

A doutora Sabra Klein, que pesquisa como a diferença de sexo interfere no sistema imunológico

Divulgação: Johns Hopkins University

Mulheres ficam mais protegidas quando tomam uma vacina, mas, por outro lado, têm maior propensão para apresentar doenças autoimunes e quadros severos de asma depois da puberdade.

Essas foram algumas das constatações do Klein Lab, através de pesquisas sobre como os sistemas imunológicos masculino e feminino se comportam de maneira diversa quando lidam com o vírus da gripe, o HIV ou algumas terapias contra o câncer. Para quem faltou à aula, hormônios sexuais são substâncias produzidas nas gônadas: testosterona nos testículos (em indivíduos do gênero masculino) e progesterona e estrogênio nos ovários (em indivíduos do gênero feminino).

Seu trabalho é considerado um divisor de águas numa área do conhecimento que, por muito tempo, não considerou que o sexo importasse. Pior: historicamente, a maioria dos ensaios clínicos se baseava em testes realizados apenas com homens (brancos), com consequências para a medicina e a saúde pública que ainda não foram devidamente dimensionadas. Apenas para ter uma ideia dos danos provocados: entre 1997 e 2001, oito em cada dez drogas que o FDA (o equivalente norte-americano da Anvisa) tirou do mercado apresentavam um risco maior para a saúde das mulheres.

O risco de as mulheres terem lúpus é nove vezes maior, já os homens apresentam mais chances de ter tuberculose e de morrer vítimas de Covid-19.

Em 2010, a cientista se debruçou sobre os dados disponíveis sobre a eficácia da vacina contra a febre amarela por sexo, descobrindo que as mulheres tinham uma resposta mais forte e, potencialmente, uma proteção maior. A partir daí, passou a analisar a possibilidade de elas poderem receber uma dose menor da vacina da gripe, com menos efeitos colaterais e a mesma eficácia – proposta que chegou a defender num artigo para o jornal “The New York Times”.

Reportagem publicada na “MIT Technology Review” sobre seu trabalho mostra que, quando uma doença sofre mudanças depois da puberdade ou da menopausa, ou durante a gravidez, traz informações relevantes sobre o papel desempenhado pelos hormônios sexuais. A gravidez, por exemplo, leva pacientes com esclerose múltipla a entrar em remissão, graças ao aumento do nível de estradiol, que também passa a ser produzido pela placenta e tem efeitos anti-inflamatórios e neuroprotetores. Ainda há muito a explorar e uma das novas áreas mais fascinantes de estudo é o mapeamento das diferenças da microbiota de acordo com o sexo. Os trilhões de bactérias, fungos e vírus que vivem em nossos intestinos variam entre homens e mulheres e têm uma relação direta com nosso sistema imunológico.

Fonte: G1

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