Operação 'Ptolomeu III' mira cúpula do governo estadual; g1 tenta contato com alvos. Ação envolve PF, PGR, Receita e CGU; mandados são cumpridos em AC, AM, GO, PI, PR, RO e no DF. Governador do Acre, Gladson Cameli, em imagem de janeiro
Diego Gurgel/Secom
Policiais federais cumprem 85 mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (9), em seis estados e no Distrito Federal, em uma operação contra corrupção e lavagem de dinheiro na cúpula do governo do Acre.
A TV Globo apurou que há ordem para apreender bens do governador do estado, Gladson Cameli (PP) – o nome dele não consta nas informações divulgadas pela Polícia Federal.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de Comunicação do governo do Acre, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Em dezembro de 2021, Cameli já tinha sido alvo da primeira fase da operação. O político se elegeu governador do Acre em 2018 e foi reeleito para um segundo mandato no ano passado.
A operação, intitulada "Ptolomeu III", foi deflagrada a partir de investigações da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República, da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União. Os nomes dos alvos não foram divulgados.
A ação foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que também determinou o bloqueio de R$ 120 milhões em bens dos investigados. Segundo a PF, o cumprimento dos mandados envolve mais de 300 policiais federais nesta quinta.
Fases anteriores e ressarcimento aos cofres públicos
As primeiras duas fases da operação Ptolomeu foram deflagradas em 2021, quando a PF e o Ministério Público identificaram a atuação de uma suposta organização criminosa para desviar recursos públicos do governo do Acre e ocultar a origem do dinheiro.
Nesta nova fase, segundo o material divulgado, o objetivo é bloquear bens para, no futuro, ressarcir os cofres públicos.
Além do bloqueio dos itens de luxo, a decisão do STJ que autorizou os mandados suspende as atividades econômicas de 15 empresas investigadas.
O Superior Tribunal de Justiça não definiu prisões dos suspeitos, mas determinou:
a suspensão do exercício das funções públicas;
a proibição do acesso a órgãos públicos;
o impedimento de contato entre os investigados;
e a proibição de que os alvos deixam o país, o que inclui a entrega do passaporte à PF nas próximas 24 horas.
A PF e a PGR não divulgaram quem são os alvos de cada uma dessas medidas. A operação tramita em sigilo no STJ.