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Presidente do BC diz que não há 'bala de prata' nas contas públicas: 'se não tiver as contas em dia, a gente não consegue melhorar'

Por G1 em 25/04/2023 às 11:22:14
Roberto Campos Neto participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado Federal para explicar as decisões sobre a taxa de juros - cujo nível é criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (25) que é preciso ter as contas públicas arrumadas para que país consiga ter crescimento sustentado no médio e longo prazos com controle da inflação.

"É muito importante a gente entender que não tem mágica no fiscal [contas públicas] e, infelizmente, nem bala de prata. Se não tiver as contas em dia, em perspectiva a gente não consegue melhorar", declarou Campos Neto, no Senado Federal.

Ele lembrou, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), sobre o pacote lançado na Inglaterra que combinou aumento de gastos públicos com cortes de impostos - que gerou desconfiança no mercado e gerou a renúncia da primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss.

Além do aumento de gastos públicos, Campos Neto também citou outros fatores que pressionam a inflação no país. São eles:

o baixo nível de recuperação de crédito no Brasil (quanto os bancos conseguem recuperar de inadimplentes);

alto volume do chamado crédito direcionado, a maior parte com juros subsidiados;

a indexação existente no país, forma pelo qual a alta de preços de retroalimenta.

Desde a transição, com o aumento de gastos por meio da PEC para recompor o orçamento, o governo Lula tem sido cobrado pelo mercado financeiro sobre medidas para evitar o aumento da dívida pública.

O BC autônomo será comandado até 2024 por Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O atual chefe do BC tem sido alvo de críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo atual patamar da taxa de juros.

A taxa Selic está em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis anos e a taxa real (descontada a inflação para os próximos 12 meses) mais alta do planeta.

Arcabouço fiscal

O presidente do BC afirmou, novamente, que o chamado "arcabouço fiscal", ou seja, a proposta do governo de uma nova regra para as contas públicas no lugar do teto de gastos (que limitava a maior parte dos gastos à inflação do ano anterior) foi um "movimento na direção certa".

"A gente entende que arcabouço remove o risco de ter uma trajetória de alta grande na dívida. Mas que não tem relação mecânica [com o processo de corte de juros pelo Banco Central]", afirmou ele.

Segundo Campos Neto, o BC olha alguns indicadores para definir a taxa básica de juros, que são o atual nível da inflação, o aspecto qualitativo da alta de preços (se está dispersa ou não, por exemplo), o chamado "hiato do produto" (quanto o país pode crescer sem gerar inflação) e as projeções do mercado e do BC para o IPCA.

"A gente olha as expectativas de inflação, que é muito importante no sistema de metas, pois as pessoas reajustam os preços baseada nas expectativas. A gente precisa ter certeza que as expectativas de inflação estão dentro das metas", declarou.
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