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Presidente do BC fala em extinguir rotativo do cartão de crédito e criar parcelamento com juros menores

Mecanismo cobraria tarifa extra para desincentivar uso, diz Campos Neto; juro ficaria em cerca de 9% ao mês.

Por G1 em 10/08/2023 às 13:28:41
Mecanismo cobraria tarifa extra para desincentivar uso, diz Campos Neto; juro ficaria em cerca de 9% ao mês. Hoje, crédito rotativo cobra 50% de juros mensais, patamar único no mundo. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (10) que a instituição está avaliando alternativas para reduzir a inadimplência nas operações com cartão de crédito rotativo, que somam cerca de 50% no Brasil - algo sem precedentes em outros países.

A declaração foi dada durante sessão no plenário Senado, cujo objetivo é apresentar o relatório de inflação e do relatório de estabilidade financeira da instituição.

Segundo ele, uma alternativa seria acabar com o chamado "rotativo do cartão de crédito", que é acionado automaticamente quando os clientes não pagam a fatura total do mês em questão.

Sobre esse saldo devedor, incidem juros abusivos, que somaram, por exemplo, cerca de 440% ao ano em junho - a linha de crédito com maior taxa no mercado financeiro. Os juros de 440% ao ano, segundo o Banco Central, equivalem à taxa de 15% ao mês.

De acordo com Campos Neto, ao acabar com o rotativo do cartão de crédito, a solução que está sendo desenhada para os devedores é que eles sejam direcionados diretamente para um parcelamento com taxa de juros menor, ao redor de 9% ao mês. Isso representaria uma queda de 40% na taxa cobrada.

"Uma solução e a solução está se encaminhando para que não tenha mais rotativo, que o crédito vá direto para o parcelamento. Que seja uma taxa ao redor de 9% [ao mês]. Você extingue o rotativo. Quem não paga o cartão, vai direto para o parcelamento ao redor de 9% [ao mês]", declarou Campos Neto.

O presidente do BC também observou que, atualmente, o financiamento no crédito ofertado pelos bancos com cartão de crédito - uma modalidade que também não existe no resto do mundo - pode chegar a até 13 parcelas.

"É como se fosse um financiamento de longo prazo sem juros", avaliou ele. Segundo Campos Neto, a ideia que está sendo pensada é criar "algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento sem juros tão longo".

"Não é proibir o parcelamento sem juros. É simplesmente tentar que fique um pouco mais disciplinado. Não vai afetar o consumo. Lembrando que cartão de crédito é 40% do consumo no Brasil", explicou o presidente do Banco Central.

Outra alternativa, ainda de acordo com o chefe do BC, seria limitar os juros no cartão de crédito rotativo. Mas neste caso, segundo ele, os bancos poderiam retirar cartões de crédito de circulação das pessoas que apresentassem "mais risco", ou seja, maior possibilidade de não pagar toda a fatura. E isso poderia gera "um efeito muito grande no consumo e varejo".

Campos Neto informou que a proposta do Banco Central para o cartão de crédito rotativo deve ser apresentada nas próximas semanas. Segundo ele, há um projeto de lei ligado ao Desenrola, que está refinanciamento dívidas de inadimplentes, que tem um prazo de até 90 dias para ser apresentado.

Ministro da Fazenda

Em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que iria negociar com as instituições financeiras uma redução da taxa de juros cobrada nas operações com o cartão de crédito rotativo – a linha de crédito mais cara do mercado.

"O desenho [do crédito do cartão rotativo] está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do que pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados", declarou ele, na ocasião.

Fonte: G1

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