Ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro e ex-interventor na Segurança Pública do RJ teve sigilo telefônico quebrado pela PF. Braga Netto
Marcos Corrêa/PR
Ao receber telefonemas e mensagens de apoio após a deflagração de uma operação da Polícia Federal que mira seu antigo gabinete quando chefe da intervenção federal no Rio de Janeiro, o general da reserva Walter Braga Netto chamou de "calunia" a suspeita de conluio com uma firma americana para a compra superfaturada de coletes balísticos.
Segundo pessoas que estiveram com o militar na terça-feira (12), dia da operação, ele fez questão de apresentar sua tese de defesa e dizer que, ao fim, não comprou um só colete à prova de balas da firma.
Como informou o blog, Braga Netto solicitou, pessoalmente, autorização do Tribunal de Contas da União para comprar, sem licitação de preços, coletes à prova de balas para o estado do Rio de Janeiro quando sob sua intervenção na gestão Michel Temer (MDB).
Aos interlocutores, Braga Netto disse que, assim que percebeu que havia problemas com a empresa, suspendeu a negociação. Ele já havia sustentado essa tese em nota pública na manhã de ontem.
O fato de a operação ter sido autorizada pela Justiça Federal do Rio acabou tirando peso, dentro do PL, partido de Braga Netto e de Jair Bolsonaro, de especulações sobre "perseguição política" neste caso. Ainda assim, dirigentes da sigla ouvidos pelo blog saíram em defesa do militar: "Ele é uma pessoa decente".
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Segundo apurou o jornalista César Tralli, da TV Globo e da GloboNews, a PF coleciona indícios de que Braga Netto se reunia socialmente, em almoços e jantares, com lobistas da firma americana suspeita de superfaturar a venda de coletes à prova de balas.
A operação, que aconteceu durante o governo Michel Temer (MDB), caiu na malha fina de investigadores dos Estados Unidos, que há cerca de cinco anos comunicaram as autoridades do país da suspeita de fraude.