Falta de maioria no Parlamento e ausência de governadores aliados é obstáculo à governabilidade de Milei Milei, presidente eleito da Argentina, prometeu na campanha fechar o BC e dolarizar a economiaAgustin Marcarian/ReutersIntegrantes do governo Lula que atuam diretamente na formulação da estratégia diplomática do Brasil preveem uma atuação mais "defensiva" do país para "preservar o Mercosul". O diagnóstico vem acompanhado da tese de que, ainda que haja modulação do discurso de Milei como candidato para a prática no exercício da presidência, sua eleição por si só é uma notícia ruim para a tese de "integração regional", muito defendida por Lula.Os interlocutores do presidente Lula dizem ainda que, neste momento, ele deve esperar os sinais de Milei na política externa antes de voltar a se mobilizar.Lula "abraçou um risco", disse um aliado, ao enviar uma mensagem parabenizando o novo governo argentino pela vitória --sem citar Milei nominalmente.Na campanha, Milei fez ataques pessoais a Lula. O risco, portanto, era de que o elogio à democracia e à eleição argentina fosse respondido com uma canelada do presidente eleito. O que, no fim, acabou não acontecendo. Neste momento, portanto, até um telefonema está descartado. GovernabilidadeA análise do Planalto, neste momento, é a de que a falta de apoio explícito no Parlamento --no Senado, Milei tem 7 das mais de 70 cadeiras -- e a ausência de qualquer governador aliado eleito farão do presidente eleito, de saída, alguém muito dependente da estrutura política de Maurício Macri e Patricia Bullrich.O primeiro é ex-presidente, tem agenda de centro-direita e antecedeu Alberto Fernandez, que agora deixará o posto.Bullrich, por sua vez, correu pelo campo moderado de direita, mas acabou na terceira posição. Ela apoiou Milei no segundo turno e teve participação importante para atrair votos ao presidente eleito.