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Sob ataque, Haddad chegou a achar que não terminaria 2023 na Fazenda

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Por G1 em 29/12/2023 às 11:33:33
Ministro fecha ano com declaração de confiança de Lula, agenda vitoriosa e confiança do Congresso. Haddad e Lula durante promulgação da reforma tributária

CLÁUDIO REIS/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Fernando Haddad registrou de maneira cristalina na memória a expressão de desconfiança com que era recebido, no início do ano, em eventos com até 2 mil investidores. Na ocasião, o mercado orientava a venda de ativos brasileiros e compra de dólares, prova cabal de descrença na capacidade do recém-nomeado ministro da Fazenda.

"Quem fez exatamente o oposto do que foi indicado ganhou muito dinheiro", diz um aliado do ministro. O real se valorizou frente ao dólar, a bolsa bateu recorde histórico e o investimento estrangeiro disparou.

Mas não era só o mercado quem torcia o nariz para Haddad. Uma ala do PT atacou publicamente políticas públicas encampadas pelo ministro. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, em diversos momentos, divergiu em declarações e entrevistas das estratégias da Fazenda.

No Planalto, muitos relatos de desconfiança também do titular da Casa Civil, o ministro Rui Costa, sobre o caminho escolhido por Haddad.

O ataque especulativo interno era tão forte que Haddad confidenciou a aliados que, por alguns momentos, achou que não terminaria o ano ministro da Fazenda.

"Ele achava que, sob tanta pressão, o Lula poderia ceder", diz uma pessoa próxima. Lula não cedeu.

Mas o presidente também não serviu leite com chocolate e biscoitos para o seu pupilo. Lula teve de ser convencido, a todo momento. E nem sempre Haddad conseguiu tal façanha sozinho. Para fazer o petista bater o martelo pelo fim da desoneração, Haddad escalou um time heterodoxo: levou Aloizio Mercadante e Guido Mantega para almoçar no Planalto. Lula assentiu.

Não foi a única vez que o presidente demonstrou certa desconfiança dos planos do ministro. Haddad foi a uma reunião com Lula e disse textualmente que conseguiria aprovar a reforma tributária. Lula deu de ombros. "Você sabe que eu já tentei duas vezes e não consegui".

Nos dois primeiros mandatos, o petista ostentou índices de aprovação popular muito superiores aos de hoje. Haddad respondeu, segundo relatos: "Eu sei, presidente. E exatamente por isso o senhor pode me dar o direito de tentar e fracassar uma".

Quando, em feito inédito desde a redemocratização, o Congresso - parceiro improvável, mas constante do ministro - aprovou a nova legislação de tributos, Lula cravou: "Eu sempre confiei em você".

Para 2024, o ano não será de menores desafios para o ministro, mas segundo gente que está ao lado dele, Haddad vê um caminho menos turbulento exatamente porque entende que lançou pontes sólidas com a cúpula do Congresso.

Recorrentemente o ministro exalta que Arthur Lira e Rodrigo Pacheco "entenderam muito rapidamente que este era um bom caminho a seguir, que não havia como continuar como estava".
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