Suspeita está registrada em procedimentos que investigam Rivaldo Barbosa desde 2018; contraventores detalham valores: até R$ 80 mil por mês. O relatório final da Polícia Federal sobre o assassinato de Marielle Franco e seu motorista, Anderson, aponta indícios de que o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, capitaneou por anos um esquema de cobrança de propina para não desvendar mortes relacionadas a contraventores.Segundo a PF, ao menos quatro mortes tiveram as investigações obstruídas pelo time de Rivaldo na Delegacia de HomicídiosInvestigados chegaram a citar pagamentos mensais à Delegacia de Homicídios de R$ 60 mil a R$ 80 mil. Eles ainda citam o pagamento de um bônus quando "crimes deixavam provas/rastros".Os autos do relatório final também registram diálogo de um contraventor de nome Beto Bomba, que atribui o pagamento de R$ 400 mil a Rivaldo para o acobertamento dos assassinos de Marielle. "Isso aí é o Rivaldo. É ele que levou quatrocentos cruzeiros, chefe. Eu to falando." E piora: por opor grupos opostos da contravenção, Beto Bomba torce para que a informação chegue à Polícia Federal. A conversa foi gravada com autorização da Justiça."A PF é quem tem que ter ciência agora que o Rivaldo perdeu. Tomou um dinheiro!", diz.Prisões de mandantes neste domingoNeste domingo (24), os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram presos apontados como mandantes do atentado contra Marielle Franco, em março de 2018, no qual também morreu o motorista Anderson Gomes. O delegado Rivaldo Barbosa também foi preso, suspeito de atrapalhar as investigações.Os três foram alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Operação Murder, Inc. foi deflagrada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela Polícia Federal (PF). O caso era investigado pela PF desde fevereiro do ano passado.Os presos seriam ouvidos na sede da PF no Rio e encaminhados para a Penitenciária Federal de Brasília.Domingos é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ); Chiquinho é deputado federal pelo União Brasil — e por isso tinha foro especial; Rivaldo era chefe da Polícia Civil à época do atentado e hoje é coordenador de Comunicações e Operações Policiais da instituição. Relembre aqui a trajetória dos três.Domingos foi citado no processo desde o primeiro ano das investigações, em 2018, e chegou a depor no caso 3 meses após o atentado.Os Brazão sempre negaram envolvimento no crime. Ubiratan Guedes, advogado de Domingos, declarou "ter certeza absoluta" de que seu cliente é inocente. Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, acusados de mandar matar Marielle FrancoReprodução