Levantamento considera votações na Câmara ao longo do ano de 2024. Grau de afinidade com o governo pode ser um fator chave para decidir quem será o novo presidente da Casa. Disputa pela Câmara: veja qual candidato votou mais a favor do governo e qual votou menosA eleição para a presidência da Câmara é em fevereiro, mas se tornou um dos principais temas do Congresso neste final de ano. Três principais candidatos já se lançaram: Antonio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União-BA) e Hugo Motta (Republicanos-PB). Um levantamento da GloboNews mostrou como os três se alinharam (ou não) com as posições do governo em votações na Câmara ao longo de 2024.O grau de alinhamento dos candidatos ao governo é um fator político importante por pelo menos dois motivos:o governo ter um aliado (ou um rival) na presidência da Câmara influencia a governabilidade e a aprovação de temas importantes ao Palácio do Planalto no Congresso o PT, partido do presidente Lula, é cortejado pelos principais candidatos à presidência da Câmara e é considerado um fiel da balança na disputa. É natural que o PT escolha alguém mais próximo do Planalto. Até agora, o partido não anunciou quem apoiará. O levantamento compara os votos dos candidatos à presidência da Câmara com os do líder do governo na Casa, o deputado José Guimarães (PT-BA). Os votos do líder refletem a posição do governo em si. Por esse critério: Antônio Brito desponta como o mais alinhado, com 92,49% de correspondência com os votos de Guimarães, em 213 votações Hugo Motta teve com 80,88% de alinhamento em 251 votaçõesElmar Nascimento (União Brasil) é o menos próximo, com uma taxa de 77,1% de concordânciaNos bastidores, de fato, Brito é visto como um candidato mais amigável ao Palácio do Planalto. E Elmar o mais distante. Os três fazem parte de um setor do Congresso ligado à centro-direita, comumente chamado de Centrão, cujas posições em diversos temas não refletem às do PT. Em votações importantes para o governo, como a do projeto que endurece a demarcação de terras indígenas, os vetos que trataram da desoneração da folha de pagamento e o marco temporal para demarcação de terras indígenas, Motta, Brito e Elmar divergiram do governo nos três casos. Deputados Elmar Nascimento (União - BA), Hugo Motta (Republicanos - PB) e Antonio Brito (PSD - BA)Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados; Mário Agra/Câmara dos Deputados; Vinicius Loures/Câmara dos DeputadosComparação com o PL, maior partido da oposiçãoA semelhança nas votações dos candidatos com o líder da oposição, Filipe Barros (PL), é menor em comparação ao alinhamento com Guimarães. Elmar Nascimento destaca-se como o mais próximo de Barros, com 46,47% de concordância em 99 votações. Hugo Motta vem a seguir, tendo 184 votações em comum e afinidade em 44,57%. Antônio Brito, por sua vez, apresenta o menor nível de concordância, com apenas 37,13% em 167 votações.Encontros com ministrosNa corrida por apoio, os candidatos à presidência da Câmara têm intensificado seus esforços para estreitar relações com ministros do governo. Segundo levantamento baseado no e-Agendas, Hugo Motta lidera em número de reuniões, com 38 encontros envolvendo 15 ministros desde o início do governo. Seus principais interlocutores foram Alexandre Padilha (Relações Institucionais), com 9 reuniões, Renan Filho (Transportes), com 7, e Fernando Haddad (Fazenda), com 5.Antônio Brito, o candidato com maior alinhamento nas votações ao lado de José Guimarães, participou de 30 reuniões com 11 ministros, destacando-se as reuniões com Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Celso Sabino (Turismo) e Rui Costa (Casa Civil), todos com 5 encontros.Já Elmar Nascimento, embora também tenha participado de 30 reuniões, concentrou-se em apenas 5 ministros, sendo Padilha (Relações Institucionais), com 10 encontros, e Sabino (Turismo), com 9, seus principais contatos.Em uma votação secreta no início de fevereiro de 2025, os deputados devem decidir quem será o novo líder da Casa. A expectativa é que a decisão venha ainda no primeiro turno.