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Cirurgião francês tenta vender raio X de vítima de atentado no Bataclan como NFT

Por G1 em 24/01/2022 às 10:50:28
Emmanuel Masmejean vai ser processado na Justiça e denunciado ao Conselho Federal de Medicina da França. Ataque terrorista deixou 130 mortos e mais de 350 feridos em 2015. Casa de shows Bataclan, um dos alvos dos ataques terroristas que deixaram 130 mortos e mais de 350 feridos em 2015 em Paris

Reprodução GloboNews

Um renomado cirurgião francês tentou vender um NFT da radiografia de uma jovem ferida no Bataclan, casa de shows que foi um dos locais atacados por terroristas nos atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris, que deixaram 130 mortos e mais de 350 feridos (veja mais abaixo).

A revelação foi feita pelo site do jornal "Mediapart" no sábado (22), e agora o cirurgião ortopédico Emmanuel Masmejean vai ser processado pela APHP, rede que gerencia os hospitais públicos de Paris, e denunciado ao Conselho Federal de Medicina francês.

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A decisão de processar Masmejean foi anunciada pelo diretor dos hospitais públicos parisienses, Martin Hirsch, que classificou o comportamento de "odioso" e "contrário à deontologia", "que fere os valores da APHP e do serviço público".

Em outra mensagem, enviada aos funcionários da APHP, Hirsch afirmou que a atitude de Masmejean é um "ato escandaloso cometido por um cirurgião, professor de universidade e médico do hospital europeu Georges Pompidou".

A radiografia foi feita durante o atendimento da sobrevivente, que foi operada por Masmejean. Segundo a reportagem, o cirurgião tentou leiloar a radiografia no site OpenSea, especializado na venda de objetos NFT, e a imagem podia ser comprada por U$S 2.776 (cerca de R$ 15 mil).

O NFT ainda estava disponível no OpenSea no domingo (23), e embaixo da foto do anúncio o médico conta que a vítima "perdeu seu namorado no ataque e tinha uma fratura exposta no antebraço esquerdo, com uma bala de kalachnikov encravada nos tecidos cutâneos".

O que são NFTs?

NFT é a sigla em inglês para "non fungible token" (ou "token não fungível", em tradução livre), uma tecnologia que permite o registro de qualquer tipo de arquivo digital. Com isso, o NFT transforma o arquivo em um objeto único (uma espécie de "selo de autenticidade digital").

A tecnologia transforma o arquivo digital em um criptoativo que pode ser comercializado e utiliza códigos numéricos que permitem a sua transferência, mas não a sua reprodução (veja mais sobre NTFs no vídeo abaixo).

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Intenção 'pedagógica'

Procurado, o cirurgião afirmou que sua intenção era "pedagógica", mas depois questionou seu ato do ponto de vista "ético" e reconheceu que "errou" ao não ter pedido autorização para a paciente.

A principal associação de vítimas do 13 de novembro, a "Vida por Paris", disse em um comunicado que "defenderá a vítima do atentado, que hoje também é vítima da ganância de um médico que se esqueceu do código de deontologia e não tem nenhum bom senso ou empatia".

Outra associação, a "Fraternidade e Verdade", afirmou que o ato foi "odioso" e não representa o trabalho dos profissionais de saúde, em quem temos toda a confiança".

O ataque terrorista

Ataques simultâneos na casa de shows Bataclan, no Stade de France e em cafés e restaurantes deixaram 130 mortos e mais de 350 feridos em Paris em 13 de novembro de 2015.

A noite de horror foi o maior atentado terrorista da história da França e o pior ataque na capital francesa desde a 2ª Guerra Mundial.

Primeiro, um homem-bomba detonou seus explosivos perto do estádio de futebol, onde acontecia um jogo amistoso entre as seleções da França e da Alemanha. Entre os milhares de torcedores presentes estava o então presidente francês, François Hollande.

Outros dois terroristas continuaram a ação, matando um motorista de ônibus. Na região central da cidade, dois grupos diferentes dispararam contra pessoas que estavam em bares e restaurantes e no Bataclan, onde morreu a maioria das vítimas.

Julgamento na Justiça

A Justiça francesa começou a julgar os acusados pelos ataques em 8 de setembro de 2021. O processo tem 20 réus e quase 1,8 mil partes civis envolvidas.

Dos 20 acusados, 11 estão presos, 3 respondem ao processo em liberdade e 6 estão mortos, mas serão julgados mesmo assim. Doze réus podem ser condenados à prisão perpétua.

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Fonte: G1

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