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BNDES vai manter, em 2022, venda de participação acionária em empresas, diz presidente do banco

Por G1 em 02/02/2022 às 11:13:29
Segundo Gustavo Montezano, instituição pretende devolver recursos ao Tesouro 'o mais rápido possível' para pagar por empréstimos realizados no passado. Presidente do BNDES, Gustavo Montezano.

Reprodução

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou nesta quarta-feira (2) que a instituição buscará vender, neste ano, o "máximo possível" de participação acionária que detêm em empresas.

Ele acrescentou, em evento virtual do Credit Suisse, que quer devolver "o mais rápido possível" recursos ao Tesouro Nacional para pagar por empréstimos realizados no passado.

O BNDES usa os aportes financeiros feitos pelo Tesouro Nacional para conceder empréstimos.

Após vender cerca de R$ 80 bilhões em participações acionárias nos últimos anos, de acordo com ele, o BNDES ainda possui em sua carteira de R$ 70 bilhões a R$ 75 bilhões ações e debêntures, majoritariamente da Petrobras, da JBS e da Eletrobras.

Segundo Montezano, isso responde por cerca de 70% do patrimônio da instituição financeira — que é controlada pelo governo federal.

"A gente não pode gerenciar um banco que dependa da Petrobras estar bem posicionada e não ter variação no preço da ação para ter capital disponível. De forma nenhuma. O banco tem de andar pelas próprias pernas. Tanto pela parte de posicionamento estratégico, quanto por uma gestão de risco prudente, a gente tem feito desinvestimento [venda de ações]", declarou.

Ele informou que a ideia é continuar é vender o "máximo possível" de participações acionárias até o fim deste ano, quando termina o mandato do presidente Jair Bolsonaro.

Mas declarou que isso será feito "com prudência, com metodologia, sem afundar o mercado, e deixando o mercado comprar as posições na cadência adequada".

"Naturalmente 2022 é um ano eleitoral, a agenda política torna um pouco mais nebulosa a visualização sobre janelas de mercado", concluiu.

Devolução ao Tesouro

Montezano disse também que o BNDES buscará devolver o mais rápido ao Tesouro Nacional empréstimos feitos por governos anteriores. No passado, o Tesouro chegou a emprestar R$ 500 bilhões para o banco. O saldo devedor, no fim de 2021, era de R$ 213 bilhões.

"Para o BNDES, quanto menos depender do Tesouro, melhor. A gente quer devolver o mais rápido possível, pois torna o banco independente. O banco não precisa desse recurso, é um recurso excessivo, e quanto mais a gente mostrar que o banco não depende do Tesouro, menor é o risco estratégico", declarou.

Segundo o presidente do BNDES, porém, cronograma de devolução depende de "questões técnicas", pois há uma dúvida se essa devolução, com o aumento da taxa básica de juros, não fere a Lei de Responsabilidade Fiscal.

"A gente quer que os órgãos competentes se manifestem. Se não houver problema, vamos devolver paulatinamente. Se for mais gradativo, a gente consegue devolver em até cinco anos", afirmou.

Montezano disse, ainda, que existe uma mudança em curso sobre a atuação do BNDES. Para ele, não importa mais quanto o banco está emprestando, mas sim quanto o mercado está disponibilizando em empréstimos.

"Ainda existe aquela pressão, o BNDES está desembolsando 1/3 de antes, essa mentalidade pré-histórica. Mas não importa quanto o BNDES está desembolsando, mas quanto o mercado está liberando. Ao tirar o BNDES de monopolista, tira da zona de conforto e faz com que o banco atenda clientes e assuma riscos (...) Faz o mercado como um todo crescer, sendo um propulsor do mercado", concluiu.

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