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Paralisação de servidores do Banco Central afeta divulgações de dados da economia

Por G1 em 28/03/2022 às 10:12:20
Relatório Focus, com estimativas do mercado financeiro para a economia, atrasou pela segunda semana seguida. Divulgação de outros indicadores, prevista para esta semana, foi adiada sem data definida. O Banco Central informou nesta segunda-feira (28) que a divulgação do relatório Focus, que tradicionalmente acontece às 8h30, acontecerá com atraso pela segunda semana seguida. A expectativa é que os números sejam divulgados às 10h.

O BC acrescentou que as divulgações de indicadores econômicos sobre a contas externas, juros bancários e sobre os resultados das contas públicas, amplamente acompanhadas pelo mercado financeiro, não acontecerão dentro do prazo normal — que seria nesta semana. Não há data definida para quando serão divulgados.

"As notas econômico-financeiras (estatísticas do setor externo, estatísticas monetárias e de crédito e estatísticas fiscais) não serão divulgadas nesta semana. Oportunamente, informaremos as datas de publicação das notas relativas ao mês de fevereiro de 2022", se limitou a informar o BC.

Apesar de questionado, o BC não informou, até o momento, a razão do adiamento das divulgações. Porém, acontece durante movimento grevista dos servidores da instituição, que, desde o fim do ano passado, pedem reajuste salarial de 27%.

Questionado pelo g1 se os atrasos estão relacionados com a operação-padrão dos funcionários, que acontece desde 17 de março, o Banco Central não respondeu.

Neste ano, o Banco Central obteve autonomia operacional, ou seja, independência formal para controlar a inflação e atentar para o crescimento da economia.

Logo após a aprovação do projeto pelo Legislativo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a instituição teria de ser mais transparente nesse novo ambiente de autonomia.

Representantes dos servidores informaram que houve uma reunião com o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, no último sábado (26) e que não foi feita uma contraproposta por parte do governo.

Na semana passada, o secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, confirmou que os R$ 1,7 bilhão aprovados pelo Congresso Nacional no orçamento deste ano, para reajustes salariais, estão à disposição. Ou seja, a liberação dos valores depende apenas de uma decisão do presidente Jair Bolsonaro.

Inicialmente, os recursos estavam destinados ao reajuste da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), mas outras categorias seguem pressionado por aumento, como os servidores do BC e da Receita Federal, entre outros. O prazo para definição é o mês de abril, por conta das eleições.

Nesta segunda-feira, Fabio Faiad, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) informou que haverá uma assembleia da categoria logo mais, às 14h, e que o sindicato defenderá o início de greve por tempo indeterminado a partir de abril.

"Tivemos uma reunião no sábado (26) com Roberto Campos Neto e não houve apresentação de uma proposta oficial. Hoje, você vai ver, está tendo atraso no boletim Focus e em algumas taxas. Tem a ver com a operação-padrão que a gente está realizando desde o dia 17. Não tem nenhuma reunião nova marcada. E como não teve proposta oficial. Hoje a gente tem uma assembleia, às 14h, e a posição do sindicato é defender greve por tempo indeterminado a partir de 1Âș de abril", declarou.

Na semana passada, ao comentar o relatório de inflação, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que tem respeito pelo direito dos funcionários de exercer qualquer tipo de manifestação. "Entendo que eles têm enorme senso de responsabilidade. Temos esquemas de contingência caso algo mais severo aconteça", declarou.
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