Saldo positivo foi de R$ 7,4 bilhões. Conflito restringiu parte do comércio mas, por outro lado, elevou preço de produtos como petróleo e alimentos, o que beneficia exportações brasileiras. A balança comercial registrou superávit de US$ 7,4 bilhões em março deste ano, informou o Ministério da Economia nesta sexta-feira (1º).
De acordo com o Ministério da Economia, esse foi o maior saldo comercial, para meses de março, desde o início da série histórica em 1989.
O resultado é de superávit quanto as exportações superam as importações. Quando acontece o contrário, isto é, as importações superam as vendas externas, o resultado é deficitário.
Ao todo, segundo o governo:
as exportações somaram US$ 29,1 bilhões;
as importações somaram US$ 21,8 bilhões.
Até então, o maior superávit para março havia sido registrado em 2021 (+US$ 6,5 bilhões). Na comparação com o ano passado, o saldo positivo avançou 19,3%.
Guerra na Ucrânia
O resultado foi registrado em meio à guerra na Ucrânia, que começou no final de fevereiro. O conflito tem restringido o comércio de alguns produtos, mas, ao mesmo tempo, também elevou o preço de itens básicos, como petróleo e alimentos — beneficiando exportadores brasileiros e atraindo recursos ao país.
Entretanto, o governo não esclareceu, até o momento, se o movimento comercial de março já sofreu influência do conflito. As contratações de cargas por exportadores e importadores são feitas, geralmente, com meses de antecedência.
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Primeiro trimestre
Na parcial do primeiro trimestre, segundo dados oficiais, o saldo comercial positivo somou US$ 11,3 bilhões. Isso representa um aumento de 37,6% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o superávit somou US$ 8,09 bilhões.
Esse também foi o maior saldo positivo para o intervalo de janeiro a março desde 2017 (+US$ 13 bilhões).
Nos três primeiros meses do ano, as vendas externas somaram US$ 71,3 bilhões – aumento de 26,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Já as compras do exterior totalizaram US$ 60,4 bilhões — crescimento de 25%.
Exportações e importações em março
De acordo com o governo, as exportações pela média diária registraram alta de 25% em março na comparação com o mesmo período do ano passado, batendo recorde para meses de março.
Já as compras do exterior avançaram 27,1% nesta comparação.
No caso das vendas externas, houve aumento de 36,8% nas vendas da agropecuária, queda de 2,4% da indústria extrativa e aumento de 35,2% da indústria de transformação em março.
Os principais destinos das exportações em março foram:
China, Hong Kong e Macau (+13,1%, para US$ 9,3 bilhões);
União Europeia (+37,5%, para US$ 4,4 bilhões);
Estados Unidos (+26,5%, para US$ 2,9 bilhões);
Argentina (+14,5%, para US$ 1,2 bilhão).
As importações, por sua vez, tiveram alta no setor agropecuário (+21%), aumento de 94,9% nas aquisições da indústria extrativa e crescimento de 25,2% nas compras do exterior da indústria de transformação em março.
Fertilizantes
O principal receio de analistas e do governo é de que as tensões na Europa gerem problemas para a compra de fertilizantes, ferramenta usada pelos agricultores para aumentar a produtividade do solo.
Fontes graduadas do governo brasileiro foram informadas no começo de março que a venda do produto, de Belarus ao Brasil, foi interrompida. O país fornece 6,1% do produto utilizado pelo agronegócio brasileiro. O principal fornecedor do produto para o Brasil é a Rússia, com mais de 20%.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou no começo do mês passado que não há risco de desabastecimento de fertilizantes para a safra atual brasileira e que busca alternativas para a safra que se iniciará em setembro.
Segundo ela, o ministério estuda três alternativas: diversificar a importação; utilizar menos fertilizantes — a intenção é contar com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para ir a campo e ensinar aos produtores métodos de produção com menor uso de fertilizantes; e agilizar o fluxo de entrada dos fertilizantes nos portos.
O governo federal apresentou em meados de março um Plano Nacional de Fertilizantes para o país. O documento lista uma série de medidas pensadas para aumentar a produção até 2050 e reduzir a dependência do mercado externo.
Apesar da necessidade de garantir fertilizantes para a safra do segundo semestre, o plano apresentado nesta sexta se concentra em medidas de médio e longo prazos.