Banner 1 728x90

Histórias de reinvenção: Claudia, de advogada a guia em Paris

Por G1 em 26/04/2022 às 11:22:27
Ela deixou o mundo corporativo para trás e diz: “hoje não enxergo mais amarras, nem limites” Hoje dou início a uma série de três colunas sobre mulheres que se reinventaram em outros países, deixando para trás as referências profissionais que as guiavam no Brasil. Cada uma viveu diferentes desafios para se adaptar, mas todas conseguiram encontrar um caminho próprio, com significado muito especial para suas vidas.

Parecia um roteiro de um comercial de margarina: a carreira como advogada de um grande banco em ascensão, casamento feliz, apartamento próprio. “Só que volta e meia eu me pegava pensando: será que é isso mesmo que a gente quer?”, lembra Claudia Gazel, acrescentando que o marido, Marco, compartilhava suas dúvidas e angústias. Em 2008, o casal começou a pensar em morar fora do Brasil, até que surgiu a oportunidade de ele fazer um mestrado na área de psicologia financeira, na França. Alugaram o imóvel em São Paulo em tempo recorde e deixaram para trás duas trajetórias estabilizadas: ela, na área do direito; ele, como economista e sócio de uma corretora.

Claudia Gazel: há 12 anos na França, ela deixou a carreira de advogada para trás e se tornou guia em Paris

Acervo pessoal

A caminho de fazer 45 anos e há 12 morando em Paris, enumera resoluções que tomou: “deixei minha profissão para trás, coisa que ninguém na minha família havia feito, e junto veio também a decisão de não termos filhos. De repente, o roteiro que havíamos escolhido era completamente diferente do que as pessoas esperavam de nós”. Desde 2009, Claudia mantinha um blog, “A viagem certa”, com dicas de hotéis, restaurantes e passeios. Em setembro de 2010, o que antes era um hobby se transformou em sua principal ocupação: “eu simplesmente tinha Paris inteira na minha mão!”.

Seu trabalho não passou despercebido e a secretaria de turismo parisiense lhe garantia acesso aos eventos culturais da cidade. O passo seguinte foi criar tours personalizados para turistas brasileiros, como piqueniques em Versalhes e visitas a lojinhas que garimpava em suas andanças. Mas Claudia queria mais e, em 2017, inscreveu-se num curso de dois anos para obter a licença profissional de guia, com direito a documento emitido pelo Ministério da Cultura francês.

“Hoje em dia, não enxergo mais amarras, nem limites”, analisa. Tanto que ampliou os roteiros para incluir experiências feitas sob medida para o público infantil. “As pessoas ainda acham que as crianças não vão se interessar ou acompanhar programas culturais na Europa, mas há inúmeras formas de abordagem para conquistá-las. No Louvre, por exemplo, uso a entrada que leva às ruínas da muralha de um castelo medieval, e vejo o olhar de fascinação delas ao se depararem com algo tão impactante”. Paris reinventou Claudia e, em troca, ela traduz Paris para os brasileiros.

"Interagindo" com uma obra da coleção Pinault, no antigo prédio da Bolsa de Valores

Acervo pessoal

Fonte: G1

Comunicar erro

ComentĂĄrios