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'O telefone preto' é bom suspense com poucos sustos e vilão que se destaca; g1 já viu

Por G1 em 19/07/2022 às 06:53:17
Filme dirigido por Scott Derrickson, do primeiro 'Doutor Estranho', é baseado em conto de Joe Hill, filho de Stephen King. Ethan Hawke impressiona ao interpretar o vilão Sequestrador. Um bom filme de terror e suspense precisa contar com um antagonista forte e icônico, capaz de causar uma mistura de medo e fascínio. "O telefone preto" conta com um personagem com essas características e isso ajuda a torná-lo uma boa pedida para os fãs do gênero. O filme estreia oficialmente no Brasil nesta quinta-feira (21).

Ambientada numa cidade do estado americano do Colorado, em 1978, a trama é centrada em Finney Shaw (Mason Thames), jovem estudante que tenta viver uma vida normal, apesar de ser vítima de bullying e ter que lidar com a violência e o alcoolismo de seu pai, Terrence (Jeremy Davies). Sua grande amiga é sua irmã mais nova, Gwen (Madeleine McGraw).

Assista ao trailer do filme "O telefone preto"

Entre uma aula e outra, Finney começa a notar o desaparecimento de garotos da região, de forma misteriosa. Ele acaba sendo mais uma das vítimas do bandido, chamado de Sequestrador (Ethan Hawke), que o confina em um porão à prova de som, onde ninguém pode ouvir seus gritos de socorro.

No local, Finney começa a receber ligações em um telefone preto. Pendurado em uma parede, o aparelho deveria estar desativado. Aos poucos, Finney percebe que está ouvindo mensagens das vítimas anteriores do Sequestrador, que querem ajudá-lo a escapar de seu cativeiro. Ao mesmo tempo, Gwen tenta descobrir o paradeiro do irmão por meio de pistas nos sonhos dela.

Rede de ajuda

O Sequestrador (Ethan Hawke) leva Finney (Mason Thames) para seu cativeiro em "O telefone preto"

Divulgação

"O telefone preto" se beneficia da boa construção de tensão realizada pelo diretor Scott Derrickson ("Doutor Estranho"), principalmente nos momentos de interação entre Finney e o Sequestrador. As cenas do garoto tentando lidar com o serial killer, enquanto planeja escapar, são bem convincentes.

No entanto, quem espera ver um filme com um susto a cada cinco segundos pode se decepcionar. O longa é bem econômico nisso e Derrickson, que já trabalhou com o terror antes em "O exorcismo de Emily Rose", prefere lidar mais com as questões psicológicas dos personagens. Um bom exemplo disso é mostrar que, através das ligações que recebe, Finney passa a deixar de ser um menino mais tímido e retraído para se tornar mais confiante.

Finney (Mason Thames) recebe ajuda inesperada durante seu sequestro em "O telefone preto"

Divulgação

O filme mostra que os espíritos das vítimas do Sequestrador criam uma espécie de rede de ajuda para que Finney não tenha o destino deles. A ideia é boa, embora nem sempre funciona. Num dado momento, uma das almas começa a ensinar o menino a lutar e a sequência parece ter sido tirada de um "Karatê Kid", o que muda o tom e diminui a tensão que domina o filme.

O roteiro escrito pelo diretor e por C. Robert Cargill é inspirado em um conto de Joe Hill, filho do consagrado Stephen King, que faz parte do best-seller do New York Times, "Fantasmas do Século XX". Na trama, perde-se mais tempo com cenas sobre a investigação dos desaparecimentos dos jovens e não são tão desenvolvidas as motivações do Sequestrador. Isso poderia deixar o filme mais interessante.

Novo Bicho Papão

Ethan Hawke é o grande destaque de "O telefone preto" como o vilão Sequestrador

Divulgação

O maior acerto de "O telefone preto" está na escolha de Ethan Hawke para interpretar o Sequestrador. O ator, que já tinha trabalhado com Derrickson no elogiado "A Entidade", não aparece com o rosto totalmente descoberto durante quase todo o filme.

Hawke consegue causar medo e desconforto toda vez que aparece em cena. Além do uso de máscaras assustadoras (criadas pelo mestre da maquiagem de terror, Tom Savini), ele intimida pelo tom de voz firme com suas atitudes imprevisíveis e bastante violentas.

Até mesmo num momento em que aparece dormindo, ele consegue assustar só com a sua respiração. Graças a sua inspirada interpretação, o ator vira um verdadeiro Bicho Papão, digno dos melhores monstros já vistos no cinema.

Mason Thames e Madeleine McGraw vivem os irmãos Finney e Gwen em "O telefone preto"

Divulgação

Vale destacar a interpretação da jovem Madeleine McGraw como Gwen. A atriz passa verdade nas cenas em que mostra preocupação com o desaparecimento do irmão. O carisma dela ajuda a tornar a personagem bem cativante, a ponto de tornar o espectador cúmplice de sua jornada.

Já o novato Mason Thames tem uma atuação irregular, com bons momentos, como nos diálogos que tem com o Sequestrador, com outros mais fracos. Nas cenas mais dramáticas, o jovem ator não consegue emocionar ou convencer. Por pouco, ele não se torna um dos pontos mais fracos do filme.

Ethan Hawke vive o Sequestrador numa cena de "O telefone preto"

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Com pequenas homenagens a obras consagradas de Stephen King, como "It: A Coisa" ou "O Iluminado", "O telefone preto" conta com boa reconstituição de época e um flerte com o sobrenatural, elementos capazes de satisfazer aos fãs de séries como "Stranger Things".

No final das contas, o filme produzido pela Blumhouse (responsável por longas como "Halloween Kills") se beneficia por ter um grande vilão, mas que poderia alçar voos mais altos e criativos. Pelo menos, todos os envolvidos podem dizer que conseguiram lançar um personagem marcante para a galeria de terror, digno de Jason, Freddy Krueger ou Michael Myers.

Fonte: G1

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