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Joyce Moreno revela, em livro sobre 100 discos de 1979, que Elis Regina quase gravou o samba 'Feminina'

Por G1 em 13/08/2022 às 15:13:14
Música foi limada do repertório do álbum 'Essa mulher' no estúdio por mera questão técnica. Joyce Moreno conta que o samba 'Feminina' somente saiu do disco de Elis Regina por causa do tom do violão tocado pela compositora da música

Leo Aversa / Divulgação

? Se o álbum gravado por Joyce Moreno com produção musical e arranjos do maestro alemão Claus Ogerman (1930 – 2016) tivesse sido lançado logo após a gravação, feita em 1977 em Nova York (EUA), o samba Feminina – marco do cancioneiro de Joyce – teria sido apresentado ao mundo na voz da cantora e compositora carioca.

Como o ainda inédito álbum Natureza acabou engavetado por 45 anos, tendo o lançamento enfim programado para setembro deste ano de 2022 pelo selo inglês Far Out Recordings, coube ao Quarteto em Cy a primazia de lançar o samba no álbum Em 1.000 Kilohertz (1979), um ano antes da regravação feita por Joyce Moreno para o álbum intitulado justamente Feminina (1980).

O que não se sabia até agora é que ninguém menos do que Elis Regina (1945 –1982) cogitou gravar – e quase gravou – o samba Feminina para o álbum Essa mulher, lançado em 1979. O fato é revelado pela própria Joyce Moreno no vindouro livro 1979 – O ano que ressignificou a MPB (Garota FM Books), organizado por Célio Albuquerque com textos sobre 100 álbuns brasileiros lançados em 1979.

Capa do livro '1979 - O ano que ressignificou a MPB', organizado por Célio Albuquerque

Arte de Renan Valadares

Cada disco é abordado no livro por um autor diferente. E coube a Joyce discorrer sobre o álbum Essa mulher, batizado por Elis com o nome da canção feminina composta por Joyce com Ana Terra.

Elis já tinha gravado uma música de Joyce, Copacabana velha de guerra (parceria com Sérgio Flaksman, apresentada em festival de 1969), no álbum ...Em pleno verão (1970). Quando começou a selecionar repertório para o álbum Essa mulher (1979), a cantora pediu músicas para Joyce, de quem era amiga, e decidiu gravar a canção Essa mulher e o samba Feminina.

De acordo com o texto escrito por Joyce para o livro 1979 – O ano que ressignificou a MPB, o samba somente não foi gravado por questão técnica. Convidada para gravar o violão base do samba, Joyce recebeu no estúdio o pedido de Elis e de César Camargo Mariano – produtor musical do álbum Essa mulher – para que tocasse o violão um tom abaixo do que costumava tocar, para que Elis ficasse mais confortável ao gravar o samba.

“A música era em A (lá), para ela teria que ser em G (sol) ”, detalha Joyce no livro. “Na hora, não tive a malandragem de baixar em um tom a afinação do violão e acabou que apenas Essa mulher entrou no repertório. O que no futuro eu acharia ótimo, se não o nome do LP de Elis de 1979 tivesse sido... Feminina”, relativiza Joyce, projetada nacionalmente em 1980 como cantora justamente com o álbum que batizou de Feminina.

Com essa revelação, sabe-se agora que Elis limou da seleção final do álbum Essa mulher nada menos do que duas grandes músicas. Parceria de Hélio Delmiro com Paulo César Pinheiro, a música Velho arvoredo (1976) chegou a ser efetivamente gravada pela cantora, mas cedeu o lugar no LP à canção As aparências enganam (Tunai e Sérgio Natureza, 1979).

E o registro original nunca foi lançado como gravado em 1979, somente numa versão retrabalhada pelo produtor musical Max Pierre e por Rogério Costa, irmão de Elis, para o álbum póstumo Luz das estrelas (1984).

Quanto ao samba Feminina, pode-se somente imaginar como Elis cairia bem dentro do suingue desse samba definidor na obra de Joyce Moreno...

Fonte: G1

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