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JoJo vem ao Brasil para cantar 'Too little too late', hit gravado aos 15 anos: 'Tenho dó de mim no clipe'

Por G1 em 02/03/2023 às 04:28:12
Ao g1, cantora repassa 20 anos carreira e fala de musical na Broadway, participação no 'The Masked Singer' e música sobre ansiedade. Ela é atração do Festival GRLS, neste sábado (5), em SP. JoJo era uma cantora veterana quando lançou "Too little too late", uma das músicas mais tocadas no mundo em 2006. Tinha 15 anos. A garota já era dona de um álbum, de três singles e de quase dez anos de carreira. Incentivada pela mãe, Joanna Noëlle Levesque havia participado de concursos e programas de TV a partir dos seis anos.

Desde que cantou essa balada sobre ser "um pouco tarde demais" para amar, muita coisa aconteceu. No mesmo 2006, ela atuou nos filmes "Aquamarine" e "Férias no Trailer", ao lado de Robin Williams. Mas a música sempre foi prioridade e ela volta ao Brasil neste sábado (3), no festival GIRLS (veja detalhes no fim do texto), após passagem por aqui no comecinho da carreira.

Em entrevista ao g1, a cantora fala sobre como deverá ser o show, com novidades como "Anxiety (Burlinda"s Theme)", uma espécie de "breakup song" em que ela se separa da ansiedade. Outra que tem chance de aparecer é "Say So", gravada com PJ Morton, tecladista do Maroon 5. Com ela, JoJo ganhou um Grammy de Melhor Canção de R&B, em 2020.

O setlist também terá ela, claro, "Too little too late". A música foi composta para o Pussycat Dolls e acabou sendo oferecida para JoJo. Virou um megahit romântico com direito a um memorável clipe em que aquela então garotinha canta encharcada na chuva.

JoJo no clipe de 'Too Little Too Late', de 2006

Reprodução/YouTube da cantora

"Eu estava namorando um jogador de futebol na época e pensei, vamos colocar futebol no vídeo", lembra, rindo. "Meu Deus, eu era tão óbvia... Quando assisto, tenho dó de mim no clipe", confessa. Hoje, ela fala com leveza sobre aquela época, mas em outros tempos já acusou executivos de controlarem tudo na vida dela. Tentaram até impor uma absurda direta de 500 calorias por dia.

JoJo falou ainda da participação no "The Masked Singer" americano, quando foi um Cine Negro e ficou no segundo lugar, e do convite para estrear na Broadway em uma nova versão do musical "Moulin Rouge". "Estou em uma época da minha vida em que quero fazer coisas que eu nunca fiz antes", avisa.

A cantora comentou suas influências musicais da velha guarda e a regravação das músicas do começo de sua carreira, após seus dois primeiros álbuns serem retirados dos serviços de streaming por questões contratuais. "A gente precisa ler bem cada contrato que a gente assina, sabe? Eu tinha 12 anos, você não sabe no que está se metendo."

JoJo em cinco momentos da carreira dos anos 90 até hoje: começo oficial foi com o 1º disco, em 2004, aos 14 anos

Reprodução/Facebook da cantora

g1 - O que mudou na sua voz e na sua forma de pensar a sua vida artística desde o início da sua carreira? Quando você pensa sobre quem você é hoje (uma cantora de 32 anos) e quem você era quando era uma popstar adolescente, o que você acha que mais mudou? E o que você acha que continua igual?

JoJo - Hmmmm… é uma boa pergunta. Eu acho que me voltei mais para mim mesma, para o quanto eu amo cantar, me comunicar e me conectar com pessoas. É isso que me levou a cantar aos seis anos na televisão pela primeira vez e me fez chegar até aqui com uma carreira que já dura 20 anos. Acho que o que mudou foi minha capacidade de apreciar como é incomum viver esta vida. Eu fiquei famosa muito nova e acho que é meio impossível entender como é incrível se apresentar e ter a chance de viajar pelo mundo inteiro. Você é muito jovem, entende o que quero dizer?

g1 - Sim, entendo, deve ter sido complicado...

JoJo - Agora acho que sou capaz de estar muito mais presente, pensar direito e dizer: “Ok, o que eu quero divulgar para esse mundo agora?” Agora é assim, em vez de ter uma imagem que foi meio que escolhida para mim, sem eu ter controle. Eu não estou falando mal da imagem que eu tinha quando comecei, é só que agora sou uma mulher. Tenho a responsabilidade de estar atento ao que coloco no mundo. Isso faz sentido?

g1 - Faz sim. Um assunto que me fascina na sua carreira é que você teve que regravar músicas antigas, por uma questão contratual. Como você se sentiu quando teve que fazer isso para ter direito a ser de novo dona dessas músicas? Como foi esse processo de retomar algo que obviamente já deveria ser seu?

JoJo - Quando fui regravar (em 2018) tinha passado tanto tempo e eu tinha amadurecido tanto como cantora. Então, ouvindo meus vocais aos 12 anos do meu primeiro álbum e meus vocais aos 15 anos do meu segundo álbum… bem, eu tinha a chance de gravar de novo? Eu falei “é claro que eu quero”. Tive a chance de fazer do jeito que eu queria que elas soassem, sabe? Porque você cresce como artista, cresce como cantora e foi bom poder trazer minha experiência para essas novas versões. Não só tenho todo meu treinamento vocal, mas minha experiência como alguém que teve muitos altos e baixos.

JoJo em ensaio de fotos feito em Paris, na França, em 2004, quando ela tinha 14 anos

Reprodução/Instagram da cantora

Eu tive que assumir essa posição de retomar essas músicas. Claro que uma parte de mim ficou chateada de ter que fazer isso. Essas gravações ficaram um tempo fora do streaming, então resolvi regravar. Doeu em mim saber que as pessoas não podiam ouvir as minhas músicas antigas, isso me fez sentir como se meu legado estivesse sendo extinto. Então, isso me machucou, me confundiu e me chateou, mas eu gosto de encontrar soluções, em vez de ficar brava. Regravar foi a solução.

Foi uma lição. A gente precisa ler bem cada contrato que a gente assina, sabe? Eu tinha 12 anos, você não sabe no que está se metendo, mas tem que ter alguém que te explica onde você está se metendo quando assina um contrato de gravação. Isso é primordial, porque você precisa saber que um dia você poderia estar em uma situação com chance de perder a sua própria voz. Você tem que levar a sério o que está previsto no contrato, porque é importante se preparar para os piores cenários. Eles acontecem. Não estou falando para fazer tudo morrendo de medo. Estou falando que conhecimento é poder. Só porque você tem um bom relacionamento com alguém agora não significa que você não deva fazer um acordo pré-nupcial, por exemplo. Você acha que nunca vai se divorciar, mas deve se preparar para quando for fazer isso.

g1 - Sei como é passar por isso... (ela ri) Como você se sente quando assiste de novo ao clipe de “Too little too late”?

JoJo - Eu não faço isso com frequência, não sei por quê. Mas eu assisti tantas vezes, via vários trechos muitas vezes mesmo, enquanto fui crescendo. Porque me mostravam, porque eu ia ao "TRL" (programa da MTV americana) e me botavam para assistir. Vivi toda essa época de estrelinha millennial me vendo toda hora.

"Mas hoje, quando eu assisto, eu tenho dó de mim, da minha versão adolescente no clipe. Eu fico pensando: 'Uau, você estava passando por isso, você se sentiu tão sozinha e nem sabia como era lidar com tudo aquilo'."

JoJo no clipe de 'Too Little Too Late', de 2006

Reprodução/YouTube da cantora

Mas eu também acho tudo aquilo incrível e fofo. Eu acho que foi um começo fenomenal para minha jornada. Eu fico muito orgulhosa de ter esses álbuns que resistem ao teste do tempo. As pessoas ainda me encontram na rua e querem cantar para mim, a gente sente essa nostalgia juntos. Mas quando eu assisto o clipe, acho engraçado. Tipo, eu estava namorando um jogador de futebol na época e pensei, vamos colocar futebol no vídeo. [risos] Meu Deus, eu era tão óbvia!

g1 - Quando você gravou essa música, você imaginava que ela fosse durar tanto, que você ainda estaria falando sobre ela até hoje? Você sabia que ainda hoje toca muito aqui no Brasil, né? Eu posso estar no Uber, em uma loja… e aí ouço. Você se lembra da primeira vez que ouviu?

JoJo - Eu não tinha ideia de que essa música continuaria sendo tocada tantos anos depois. Eu amei na hora que ouvi pela primeira vez. Estava na cara que seria um grande hit e eu queria ser a pessoa que daria vida a ela. Então, quando ouvi, pensei que faria qualquer coisa para ter certeza de que aquela música seria minha. Felizmente, os compositores me aceitaram também. Esse momento foi perfeito, tipo um casamento entre uma cantora e uma música. Daí juntou com um bom vídeo e teve essa performance incrível em todo mundo.

Ainda ressoa com as pessoas, mas não é algo que você possa prever, porque você nunca sabe o que vai acontecer. É tão legal sentir aquela sensação de poder ir para um país onde as pessoas estão cantando a música e o inglês nem é o idioma nativo delas. Mas eles sabem toda a letra, cantam com você e isso é um sentimento único na vida.

Robin Williams, Josh Hutcherson, JoJo e Kristin Chenoweth em cena do filme 'Férias no Trailer', de 2006

Divulgação/Sony Pictures

g1 - Como foi o convite para atuar em "Moulin Rouge" na Broadway? Por que você aceitou?

JoJo - Oh meu Deus, eu fui ver esse musical... Na verdade, sou uma grande fã da Broadway e dos musicais. Cresci cantando trilhas de musicais com minha mãe e vendo-a atuar em produções de teatro musical. Sempre foi um sonho meu. Quando eu vi esse espetáculo e ouvi a trilha sonora… tipo, são só grandes hits das últimas décadas, sabe? Até os anos 2000, 2010, anos 80 e 70, essa trilha sonora é de outro mundo. Isso me deixou tão animada, porque eu amo música pop.

Então, quando surgiu a oportunidade de ir a um workshop com os diretores, os produtores e mais gente da equipe, eu levei isso muito a sério. Do fundo do meu coração, eu vinha procurando algo em que eu pudesse expandir e eu quero crescer como artista de um modo 360º. Quer ser uma melhor atriz, dançarina performer, cantora e isso é uma oportunidade perfeita para isso.

"Eu acho que alguns dos melhores artistas estão na Broadway e estar lá, definitivamente, não é uma brincadeira. Vai ser trabalho duro. São oito shows por semana, algo que nunca fiz antes, mas estou em uma época da minha vida em que quero fazer coisas que eu nunca fiz antes."

g1 - Você competiu no "The Masked Singer". Desde o ano passado, temos uma versão daqui e os brasileiros estão curtindo muito. Como foi essa experiência?

JoJo - Oh meu Deus, foi louco. Eu estava com tanto medo de ficar dentro daquela fantasia de Cisne Negro, sendo sincera com você. Era bem claustrofóbico. Foi bom porque, como eu disse, estou com esse espírito de fazer coisas que nunca fiz, coisas que me assustam, coisas que acho que serão bons desafios. E foi um bom desafio, sabe?

Adoro cantar as músicas de outras pessoas, gosto de reinterpretá-las. Eu sempre amei isso. Pode ser regravando uma música do Drake, como “Marvin's Room”, ou cantando “Love on the brain”, da Rihanna, nos meus shows. Ou qualquer uma das covers que cantava quando era mais jovem. É muito divertido para alguém que ama música poder cantar todas elas. O “Masked Singer” te dá a chance de fazer isso e é bom saber que tem uma versão brasileira, porque eu tenho que assistir. Eu tenho que dar uma olhada nisso.

g1 - Os figurinos brasileiros são demais, fazem lembrar o carnaval...

JoJo - O departamento de figurinos é uma coisa de outro mundo, né? Não só pelo design, mas por você conseguir se mover lá dentro, cantar de verdade, se quiser. Nem consigo entender direito o funcionamento. É uma maluquice.

Seis capas de discos (álbuns e singles) lançados por JoJo nos anos 2000

Reprodução/Sony Music

g1 - Ouvindo suas músicas mais recentes, uma das que mais gostei foi "Anxiety". Gosto como você fez uma "breakup song" com a ansiedade. Você poderia me contar um pouco sobre essa ideia?

JoJo - Claro. As pessoas estão lutando contra a ansiedade e a depressão o tempo todo agora, e não acho que isso seja... qual seria a palavra? Isso não é… uma coincidência. É muito estranho ser um ser humano nesta sociedade de hoje. Então, a mídia social nos tornou mais autoconscientes do que nunca, a comparação mata a nossa felicidade, nosso prazer e a nossa individualidade.

"Essa música diz que não quero aceitar essas vozes da minha cabeça que entraram lá e me dizem que eu não deveria estar fazendo algo, ou qualquer desses tipos de pensamentos de autossabotagem, desprovido de amor."

Aí escrevi sobre isso. Mas temos que cuidar da nossa saúde mental, ver o que realmente vale a pena para você. Mas eu sei que é mais fácil dizer o que você deve fazer, do que fazer de verdade, do que deixar de lado esse modo de pensar.

g1 - Você costuma dizer que James Taylor, George Benson e Bob Seger estão entre seus artistas favoritos. À sua maneira, eles fazem um som old school, super raiz. É isso que você procura para o seu som?

JoJo - Acho que somos todos influenciados pelas coisas que ouvimos. Então, de alguma forma, tudo o que eu já gostei e já ouvi me influenciou. Provavelmente, isso encontrou um caminho até meu som, meu visual ou minhas escolhas de alguma forma. Eu não diria que conscientemente venha procurando um som mais old school, mas é natural que isso se infiltre no meu mundo. Quando eu era criança, sempre era chamada de “uma alma velha” e eu amo muito R&B, e isso está claro no meu último projeto “Trying Not To Think About It”. Eu, definitivamente, queria fazer um projeto mais voltado para o R&B.

Mas em cada projeto eu tenho uma intenção diferente. Para o meu próximo agora, sinto que será basicamente para dizer que me eu sinto viva, que me eu sinto grata. Quero que minha carreira reflita como eu me sinto. No último álbum, eu estava super deprimida. Então, eu pensei, vou pender mais para esse tipo de sentimento. Foi isso que aconteceu.

JoJo em foto nos anos 90 e em imagem recente

Reprodução/Facebook da cantora

g1 - Quais suas expectativas nessa volta ao Brasil e o que você se lembra da última vez que veio aqui?

JoJo - Estou muito animada, porque tem uma coisa diferente nos fãs brasileiros. Eles são apaixonados, principalmente no contato pela internet. Por anos, eu tenho visto meus fãs brasileiros deixando comentários, dizendo: “e aí, você vai voltar para o Brasil?” E eu não esqueço o Brasil e nunca esqueci o Brasil desde que eu estive aí, 16 anos atrás, quando eu tinha 16 anos. Então, eu realmente fico muito emocionada por finalmente poder ter esta oportunidade de tocar neste festival incrível. Uma coisa é falar on-line com as pessoas, mas sentir aquela troca de energia que você recebe de um show ao vivo não é nada como isso.

g1 - E o fato de o line-up só ter mulheres?

JoJo - Existe tanto poder quando as mulheres estão em primeiro plano. Nós somos muito mágicas, somos tão capazes. Então, vai ser muito inspirador para todas nós fazer parte dessa programação. Eu quero conhecer essas artistas incríveis brasileiros, sentir a energia deles, espero aprender com elas. Talvez até faça alguma parceria com uma brasileira. Acho ótimo quando podemos celebrar umas às outras e testemunhar essa essência que torna cada mulher especial e mágica.

JoJo em foto de show em 2022

Divulgação/Site oficial

Festival GRLS

Onde: Centro Esportivo Tietê – São Paulo

Ingressos: de R$ 230 a R$ 700 pelo site Tickets For Fun.

Sábado (4)

12h Rachel Reis

13h15 Lexa

14h35 Margareth Menezes

16h00 Mariah Angeliq

17h35 Duda Beat

19h10 JoJo

20h45 Sandy

Domingo (5)

12h Day Limns

13h15 Majur

14h35 Manu Gavassi

16h Blue DeTiger

17h35 Alcione

19h10 Anavitória

20h45 Tinashe

A cantora JoJo, em imagens de divulgação do primeiro álbum, lançado em 2004

Divulgação/Sony Music

Fonte: G1

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