Órgão argumenta que a licença-compensatória foi criada sem amparo legal, e que não foram publicados estudos de impacto financeiro e disponibilidade orçamentária. Além deste benefício, Alcolumbre ainda concedeu outros para servidores e senadores. Davi Alcolumbre comemora vitória no Senado cercado de políticos governistas e de oposiçãoWilton Junior/Estadão ConteúdoA Transparência Brasil informou que protocolou na sexta-feira (7) um pedido no Tribunal de Contas da União (TCU) para suspender a escala de trabalho reduzida dos servidores da Casa, instituída por meio de ato do presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).Portaria assinada por Alcolumbre, na véspera do carnaval, concedeu a servidores da Casa licença (folga) de um dia para cada três dias trabalhados. O servidor que quiser aderir ao sistema deverá pedir. Não é automático. A medida já está valendo.Na denúncia, a Transparência Brasil, organização independente e autônoma voltada ao combate à corrupção, argumenta que a licença-compensatória foi criada sem amparo legal, e que não foram publicados estudos de impacto financeiro e disponibilidade orçamentária. Diz, ainda, que a viabilização da licença-compensatória pelo Senado Federal replicou modelo do Ministério Público e do Judiciário, que criaram o benefício mediante atos administrativos, contrariando a legislação. Também pede a "imediata interrupção" dos efeitos do ato do presidente do Senado Federal e o julgamento da "irregularidade" da licença-compensatória criada.Solicita que o TCU obrigue o Legislativo a publicar estudos de impacto financeiro e comprovação de disponibilidade orçamentária antes de instituir benefícios aos funcionários, além de justificar a motivação da criação e comprovar o atendimento ao interesse público. Além do texto que concede a folga remunerada aos servidores, o presidente do Senado ainda assinou outros três atos administrativos que impactam diretamente no orçamento da casa. Um deles, para beneficiar os próprios senadores, ao aumentar o valor das chamadas "cotas parlamentares", usadas para cobrir gastos com aquisição de material de escritório, passagens aéreas para o estado correspondente, divulgação de atividade parlamentar, imóveis para escritório, entre outros.Resumo das benesses concedidasAto 5/2025Suspende, até que seja revisado, o regulamento sobre o pagamento da Gratificação de Desempenho do Senado Federal (GD) e, com isso, mantém válida a gratificação de 60% sobre o salário básico para todos os servidores do Senado e mais um benefício "variável" de 100% sobre a GD para os servidores reconhecidos com um trabalho "excelente".Ato 6/2025Concede aumento de 22,19% no auxílio-alimentação a todos os servidores do Senado Federal. O benefício sai de R$ 1.460,41 para R$ 1.784,47Ato 8/2025Aumento de 26% na verba total de cotas parlamentares para exercício da atividade dos Senadores.Anteriormente, o montante total mensal disponibilizado para todos os senadores era de R$ 992.678,96. Agora o valor total passa para R$ 1.252.870,74. Os valores não são igualitários e variam entre as unidades federativas. Amazonas continua como o estado que mais vai receber verbas. Serão R$ 52.798,82 por senador. Já Distrito Federal, o menor, com R$ 36.582,46 para cada parlamentar. O estado de Goiás foi quem teve o maior aumento, de 85%, saindo de R$ 22.307,91 para R$ 41.300,86.Ato 9/2025Servidores com "funções relevantes" ganharão um dia de folga a cada três trabalhados, até o limite de dez dias por mês. Além disso, os beneficiados ainda poderão vender essa folga caso queiram, o que aumentaria a remuneração mensal em 1/3. Motta e Alcolumbre falam de harmonia entre poderes na retomada dos trabalhos do Legislativo