MC tem a carreira mais longeva do estilo em SP e voltou a ficar em alta junto da nova geração do funk consciente. 'Funk on the beach- parte 2' sai nesta quinta (3) e tem tem parceria com Hariel. Neguinho do Kaxeta
Felipe Sant'Anna / Divulgação
Neguinho do Kaxeta lança nesta quinta-feira (3) o DVD "Funk on the beach- parte 2", que comemora 22 anos de carreira. Entre os MCs mais conhecidos de São Paulo, ele tem a carreira mais longeva, e foi recentemente abraçado pela nova geração do funk consciente.
O DVD tem15 músicas, com duas colaborações: “Rimando aos montes”, com Hariel, e “Angra” com Sarah. Há regravações de sucessos dele, como "Lembranças" e "Louco sonhador". A primeira faixa de trabalho é “Oh, Senhor”, com versos sobre desmatamento, violência e injustiça social.
Quem é Neguinho do Kaxeta?
Quem descarta o sucesso do funk e de seus MCs como "modinha passageira" tem que conhecer a história de Neguinho do Kaxeta.
O sucesso recente de faixas como "Sou vitorioso", com Lele JP, coloca Júlio César Ferreira, o Neguinho do Kaxeta, como um dos artistas mais ouvidos no Brasil atualmente. Mas sua trajetória é longa e acompanha a evolução do funk de SP.
Ele começou adolescente na Baixada Santista, berço do funk em SP. Cantava sobre a realidade na Caxeta, favela de São Vicente que gerou seu nome artístico. A cena era precária, mas crescia.
Quando o funk estourou na capital, na onda da ostentação em 2012, ele renovou o discurso e estourou "As novinha tão a mil", sobre carros, motos e roupas de luxo.
Ele embarcou na revolução dos clipes da Kondzilla. Teve vários vídeos de sucesso no canal, como "A firma tá a mil", "Time de monstrão", "Problemático" e "Chave de ouro".
A trajetória também passou por uma fase triste: a onda de atentados contra MCs. Após um show em 2012, ele levou quatro tiros e sobreviveu. O crime nunca foi esclarecido. Um ano depois, o MC Daleste morreu baleado no palco.
Mesmo sob ataque, o funk cresceu com uma novidade: os escritórios de MCs. Neguinho do Kaxeta hoje é contratado da GR6, empresa cheia de artistas com a metade de sua idade.
Já com o funk no centro do pop brasileiro e se juntando a outros estilos, ele se adaptou às letras românticas em "Preta" e gravou "Bumbum otimista" com a Turma do Pagode.
Em 2020, aos 34 anos de idade, pai de três filhos, comemora duas décadas de hits com um DVD e com "Sou vitorioso", que retoma o discurso consciente lá do início.
Agora, ele lança "Funk on the Beach - parte 2".
Leia mais sobre a trajetória do Neguinho do Kaxeta.
