Banner 1 728x90

Alzheimer do pai inspirou jornalista a fazer documentário

Por G1 em 21/12/2021 às 08:13:30
“Sky blossom” acompanha cinco jovens que cuidam de adultos com alguma deficiência No domingo, a coluna foi sobre três mulheres inspiradoras, todas acima dos 60 anos, que tive o prazer de conhecer, virtualmente, no 2021 Century Summit. Hoje, quero compartilhar histórias de criadores e empreendedores que também participaram do evento e se valeram da experiência com seus idosos para gerar discussão, fazer arte e abrir novas frentes de negócios. O jornalista Richard Lui, âncora das emissoras norte-americanas NBC e MSNBC, tomou uma decisão que muitos considerariam uma sentença de morte para sua carreira. Há sete anos, pediu para diminuir a jornada de trabalho para poder se dedicar ao pai, diagnosticado com a doença de Alzheimer. Entrando no universo dos cuidadores, deparou-se com um dado impactante: nos Estados Unidos, cerca de 5.4 milhões de adolescentes e jovens cuidam de um adulto com algum tipo de deficiência. Em 2020, depois de quatro anos de produção, lançou “Sky blossom: diaries of the next greatest generation”.

O jornalista Richard Lui em visita ao pai, que tem Alzheimer

NBC

O documentário acompanha a vida de cinco jovens, com idades que variam entre 15 e 26 anos, que estudam, trabalham e ainda cuidam de um adulto – como um pai diabético que sofreu amputação das pernas; outro com câncer na garganta; ou o avô com demência. São meninas e meninos que saem da escola e limpam ferimentos, aplicam injeções e até pagam as contas da casa, numa rotina bem diferente da dos colegas de turma. Lui escolheu o título porque o termo “sky blossom”, o equivalente a “flores desabrochando no céu”, era utilizado pelos soldados quando avistavam os paraquedistas em sua descida para ajudá-los no combate. Sobre a segunda parte (“diaries of the next greatest generation”), explica: “são jovens que nos dão lições diárias de empatia e altruísmo. Não tenho dúvidas de que serão a próxima grande geração do país, capaz de pensar numa nação inclusiva”.

Cena do documentário "Sky blossom"

Divulgação

A trajetória de empreendedorismo de Jake Rothstein está intimamente ligada à vida familiar. Quando o avô recebeu o diagnóstico de Alzheimer, a avó se tornou cuidadora em período integral. Sobrecarregada, pedia auxílio ao neto para conseguir “respiros”, como tomar um café com as amigas ou ir ao dentista. “Procurei serviços de cuidadores e todos eram caros, com pacotes fechados que previam pelo menos 20 horas semanais de serviço, quando minha avó precisava de bem menos que isso”, lembra Rothstein, que acabou criando a Papa, empresa que oferece um leque de serviços prestados por estudantes universitários: eles podem ir ao mercado, acompanhar o idoso a uma consulta, ou fazer companhia durante algumas horas. Quando o avô, em fase avançada de demência, foi internado numa instituição, a avó se viu morando sozinha numa casa de dois andares. “Ela estava bem física e mentalmente, mas já tinha 87 anos e precisava de ajuda, inclusive para buscar uma moradia menor. Foi quando me dei conta de que, certamente, haveria muitos na mesma situação”, afirmou. Foi o ponto de partida para sua segunda empresa, UpsideHoM, que oferece apartamentos, faz mudanças e reparos e descomplica a rotina das pessoas mais velhas.

Dana Griffin, educada pelos avós na Romênia, contou que sua trajetória foi moldada pela convivência com gente mais velha. Essas referências a levaram a criar a Eldera, plataforma que promove encontros virtuais semanais entre idosos e crianças e adolescentes. São os próprios pais que fazem a inscrição no site e, atualmente, há uma fila de espera por esses mentores maduros. “Os mais velhos dispõem de tempo e sabedoria para compartilhar suas experiências, enquanto as crianças sempre têm algo ligado à tecnologia para ensinar. Depois de um ano, 70% das duplas formadas ainda se veem semanalmente”, disse. Sian-Pierre Regis e Lawrence Kosick também participaram do evento, mas já escrevi sobre ambos em colunas anteriores. Regis dirigiu um documentário sobre a mãe, que perdeu o emprego aos 75 anos, sem qualquer reserva financeira. Kosick queria ajudar o pai, de quase 90 anos, a continuar prestando consultoria e se manter ativo, e acabou fundando uma plataforma on-line com cursos para adultos maduros na qual os professores estão perto da faixa etária dos alunos – claro, seu pai é um deles! Quem quiser pode saber mais sobre esses trabalhos nos hiperlinks: “Duty free” e GetSetUp.

Fonte: G1

Comunicar erro

Comentários